quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Foto-verso

Qual artista
impressionista
pintou o céu de Paris?
.
Tão fortes eram as tintas
tamanha era a inspiração
.
Que a paisagem continua lá
intacta
até hoje.

DF

Destino: Brasília.

Daqui a pouco embarco para conhecer a capital federal.

Para não dizer que é minha estréia total na cidade, uma vez pousei lá quando tinha 10 anos. Estávamos indo para os Estados Unidos e o avião deu pane em pleno ar. Sem muito alarde, mas com uma dose de tensão, o piloto achou por bem pousar no JK, aeroporto do distrito federal.

Dormimos uma noite lá, num hotel. Só retomamos a viagem no dia seguinte.

Do avião para o hotel e do hotel para o avião. Só consegui avistar a duas torres ao centro e as meia-bolas, uma pra cada lado, de longe. Nem me lembro bem.

Por isso, hoje tem gosto de primeira vez.

Não sei o que esperar direito. Ouço falar muito das Asas Sul e Norte do avião-mapa, da falta de esquinas e do clima seco. Da falta de gente na rua, na arquitetura urbana planejada demais, da impossibilidade de se caminhar para ir aos lugares.

Mas me aguça muito a curiosidade ver de perto um lugar desenhado por Niemeyer, e sentir o clima de uma cidade musical, berço de tantas bandas (Legião Urbana, a melhor delas).

Sem opinião antes de partir. Provavelmente, cheio de observações depois de voltar.
Segunda-feira estou de volta! Bom fim de semana a todos!!

China nos detalhes

Faz um ano que fui a Pequim pela primeira vez.

É difícil um brasileiro se imaginar na Ásia. Parece algo surreal, coisa que só existe na televisão, nas fotos e nos filmes.

Usamos, inclusive, como sinônimo de uma distância impossível: "Ah, mas isso não vai acontecer nem aqui nem na China!"

Quando percebi que estava prestes a, de fato, embarcar para a China, me deu a sensação de estar viajando para pousar em Marte. Na minha imaginação, tudo seria diferente. As pessoas, a língua, os prédios, até o ar que se respira.

Depois que o avião desceu em Pequim, percebi que há tantas diferenças quanto há semelhanças.

Hoje em dia, a capital está super-ocidentalizada.

Ironicamente, perto do mausoléu onde Mao Tse Tung repousa em sono eterno, há uma das ruas mais capitalistas do mundo. Na mesma avenida tem (sem exageros), 3 McDonalds, 3 Lojas da Adidas, 2 da Nike, sem contar os dois shopping centers.

Uma fome por consumo muito familiar a nós.

Mas um dos pequenos detalhes que me chamaram muito à atenção foi a marca de um rodo.
Isso mesmo, um rodo de passar no chão, pois o banheiro do apartamento não tinha box e tudo ficava molhado.

Entre tanta coisa parecida entre Brasil e China, a marca dessa peça de limpeza é, definitivamente, um exemplo da diferença dos dois países.

Ou será que no Brasil teríamos um rodo de marca "Boa Esposa"??

Estava no adesivo preso ao cabo: "Hao taitai", que significa exatamente isso. Boa esposa.

Sem constrangimento nenhum, sem embaraço.

Associaram, oficialmente, a imagem da esposa dona-de-casa ao utensílio doméstico. E todo mundo leva numa boa.

Há muitas pequenas coisas que saltaram aos olhos naquele país. Ainda devo escrever muitos exemplos aqui! Alguns bem divertidos, outros bizarros.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Foto-verso

Pudesse a Torre
se mexer após longo repouso
riscaria o céu

Tal é seu esplendor
que todos os outros edifícios
fariam o mesmo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Parem as máquinas!

Polígrafo: Instrumento que registra atividades fisiológicas involuntárias, como a pressão arterial, o ritmo respiratório, a pulsação, etc. , usado principalmente como detector de mentiras.

Fui consultar o dicionário para me certificar de que eu não estava louco. Pelo que sempre soube, graças aos filmes de Hollywood, polígrafo serve para descobrir se alguém está mentindo ou falando a verdade.

Claro, existem aqueles bonzões, no cinema, que sabem 'driblar' a máquina. Isso sempre rende comentários dos coadjuvantes:

-Nossa, ele é feito de gelo. Nunca vamos conseguir quebrá-lo.
-Ele foi treinado pelo (Agência federal à escolha) e já serviu no (país com histórico de guerras conta o qual os EUA têm preconceito à escolha). Ele é o melhor!

Enfim, polígrafos sempre rendem essas cenas-clichê.

Como não trabalho para a polícia e não sou um terrorista internacional, nunca vi de perto um detector de mentiras. Mas, heróis do cinema à parte, achei que essas máquinas fossem incontestáveis na hora de decifrar o discurso de alguém.

Eis que me deparo com a televisão no canal 4, horário nobre, assistindo à casa mais vigiada do Brasil.

Participante no confessionário. Ele tem um medidor de batimentos cardíacos para aferir sua emoção. E está ligado ao tal polígrafo.

Começam as perguntas:

- Norberto, do que você se arrepende desde que entrou na casa, há duas semanas?

- Bem, Bial. Não me arrependo de nada. Entrei aqui querendo ser eu mesmo e acho que estou conseguindo ser eu mesmo, e o importante é ser você mesmo. Sei que aqui é um jogo, mas eu estou sendo eu mesmo e vou continuar sendo eu mesmo.

Durante o curso da edificante resposta, o tal detector de mentiras ia avaliando as palavras do 'Brother'. A legenda dizia o seguinte:

Calibrando... / VERDADE!/ MENTIRA!/ VERDADE!/ IMPRECISÃO!/ calibrando.../ VERDADE!

Me pergunto... como pode, na mesma resposta vazia, desprovida de significado e até de ingredientes polêmicos, o cara estar falando verdade, mentira, verdade e verdade?

É um vexame para o programa ter a geringonça ligada. Não esclarece nada, só confunde e desvia a atenção das respostas, cheias de conteúdo.

Sem contar o tempo que leva entre a palavra ser avaliada e o diagnóstico aparecer na tela. Vamos supor que o participante comece mentindo. Na hora que ele estiver dizendo a verdade, vai aparecer escrito grandão MENTIRA!

E o mico de a legenda dizer "calibrando..." ??

Para mim, esse 'calibrando' é o mesmo que dizer "Nosso polígrafo é um lixo! A produção nem consegue aprontar a máquina para que funcione durante o programa inteiro"

Mas King Kong maior foi quando apareceu: "Calibrando....", "A calibragem falhou".

Será que os bastidores não estão vindo à tona demais? Melhor parar às máquinas!

Se não desistirem do recurso pelos vexames, façam por um motivo mais nobre:

Respeitem a reputação dos detectores de mentiras! Nos deixem acreditar que só os James Bonds e os Jack Bauers conseguem derrotar sua eficiência.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Letras trigêmeas (e expressões associadas)

AAA - "Um dia de cada vez"

BBB - "Ai, Bial. Que pergunta difícil!"

DDD- "Vâmo falar rápido porque eu que tô pagando!"

GGG- "Putz, essa aqui não serve. Aquele cliente ali bem que podia perder uns quilinhos..."

III - "Filho querido, Dom Pedro de Orleans e Bragança, um dia o seu filho reinará sobre tudo isso!... Isto é, se nenhum republicano tiver alguma idéiazinha besta!"

KKK - (cruzes!) "Obama neles!"

UUU - "Tchau, Cesar Maia! Já vai tarde!"

WWW - "ponto devezemvez ponto blogspot ponto com"

XXX - "Paulinho, já falei que criança não pode alugar este!"

ZZZ - "Na palestra de hoje, vamos falar sobre..."

E vocês? Sabem mais alguma??

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Foto-verso

Toc-toc-toc

Posso entrar?

1 mensagem nova


Não, mandar uma mensagem cruzando o espaço não é o mais impressionante que seu celular pode fazer.

Legal mesmo é mandar uma mensagem através do tempo!
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O que diriam nossos bisavós, que usavam o telégrafo tec-tec-tec para mandar mensagens para alguém distante?

Agora, esta máquina que cabe no bolso pode fazer sua comunicação atravessar continentes e chegar ao celular de uma pessoa distante.

Que loucura. Uma máquina desconectada do mundo! Sem fios, do tamanho da palma de mão.

Capaz de arremessar palavras.
Palavras ao vento.
Mesmo com vento
as palavras chegam ao destinatário.

Mas outro dia, pensei: isso não é o mais incrível.

De posse do celular, podemos também lançar mensagens que furam o tempo; não apenas o espaço.

As mesmas frases que cruzam, invisíveis, os céus até chegar a outro aparelho podem, invisíveis, sumir agora e só aparecer no futuro. Só aparecer quando devem surgir.

Como fazer isso? Com um celular???

Simples. Eu faço o tempo inteiro.

E o melhor. O destino dessas mensagens, guardadas em cápsulas, dias a fio, não é os outros.

É você mesmo.
--------------------

Eu ando muito esquecido. Preciso lembrar dos meus compromissos. O que eu faço?

Digito na agenda do meu celular.
-Com alarme? Ele pergunta
- Sim; eu respondo.

Faço isso hoje e, daqui a uma semana, meu bolso vibra. Vibra e, aos poucos, começa a emitir um sinal sonoro. Se não for atendido prontamente, o barulho vai ficando mais alto e mais alto.

Pronto. Meu celular recebe minha própria mensagem, dias depois:

Médico hoje às 15h30.

E faz questão de se comportar como um torpedo de outra pessoa. Vibrando e soando.
Acho que a portátil maquininha faz isso de propósito. Para me fazer pensar.

E conseguiu.

Pensei. E me surpreendi.

Imaginei. E se eu desafiasse a lógica consumista e não jogasse fora meu celular nos próximos anos? E se eu prometesse ficar com o mesmo aparelho por meia-década?

Escreveria, hoje, um torpedo para mim mesmo.

Dia: 23 de janeiro de 2014.
Com alarme? Sim
Que horas? (Não importa) 16h40.

Mensagem: Um Alôzão do passado! E aí? O que você andou fazendo nesse tempo todo?

Daqui a 5 anos, me surpreenderia com meu bolso vibrando.
Atolado, me apressaria para não deixá-lo fazer barulho demais.
Olharia a telinha. E perceberia aquele texto tão íntimo, enviado por alguém já há tanto tempo perdido no passado.

Ah!; eu exclamaria. E me poria a pensar em tudo que conquistei e em tudo que perdi naquele tempo que me separava de mim mesmo.

E para causar tamanho impacto, basta um aparelhinho de não mais que 10 cm. Uma tomadinha para recarregá-lo de vez em quando. E pagar a conta em dia.

Homem vs Máquina

Será que coisas triviais têm significado?
Essas coisas pequenas, do dia-a-dia... têm razão de existir?
Ou são fruto do acaso?
Ou ainda, são resultado do processo inconsciente do fabricante?

Me refiro ao seguinte... Você já parou pra pensar como se desliga um computador?

Imagine esta cena rotineira: Travou tudo! Pane geral. Nem ctrl + alt + del resolve.

Aí, tem aquele botãozinho de POWER na torre do computador, ou do laptop.

O que você tem que fazer pra desligá-lo?

Não basta um simples toquinho. Não basta apertar.

É necessário deixar o botão pressionado por algum tempo até que, finalmente, a tela apaga.

Caraca, não sei por quê.
Mas toda vez que faço isso penso na metáfora de "matar alguém por enforcamento!"

Repare bem: Você começa a esganar seu computador devagar. Faz pressão com os dedos, ele começa a reclamar, mas você não cede.

A luz dele começa a piscar intermitentemente, como numa reação desesperada pelo oxigênio que ainda lhe dá vida. Mas você não desiste.

Finalmente, após alguns segundos de crueldade (durante os quais você não muda de idéia), o computador perde a vida e tomba, inerte.

Por isso, volto a perguntar:

Seria isso obra do acaso?
Será que o japonesinho que projetou a máquina não poderia, simplesmente, progamá-la para desligar com uma leve pressão proposital?
Pra quê tanto sadismo?

Meu palpite:

É de propósito. É a chance que os fabricantes nos dão de revidar. É nossa vingança por todas aquelas vezes em que o computador nos faz perder todos os documentos escritos, pára no meio de um download, se recusa a acelerar operações simples e...

Putz... meu computador travou!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Letrinhas chatas

Já viu mula-sem-cabeça?
Acredita em duende?
E saci, existe?

Lógico, nunca dei bola pra esses mitos. Assim como nunca liguei para uma lenda da internet:

O SPAM DE BLOG!

Nunca acreditei que existisse. Eu me perguntava, "Como assim, Spam de Blog?"

Spam chega pelo correio, aos montes, entupindo a caixa de entrada.

Mas no blog?

Eis que, de uma só vez, desembarcaram dezenas de spams aqui no blog!

Você também não acreditava que existia? Quer ver pra crer?

Abra uma nova janela do Internet Explorer.

Clique aí do lado, à direita, no meu post antigo GAME OVER.

Repare o comentário lá embaixo, em inglês. Aquilo é um Spam.

Comentário falso, remetente inexistente, conteúdo aleatório. Só para te atrair para um clique bizarro qualquer (Por falar nisso, não clique no atalho que ele oferece!!!!)

E trata-se de um spam burro, mais canastrão que o Tarcísio Meira. Todo em inglês, não convence ninguém de que é uma mensagem autêntica de um leitor.

Todo este blábláblá para dizer que, agora, para proteger o blog de Spams, vou ter que colocar aquelas letrinhas chatas que não formam palavra alguma, cada uma de um tamanho diferente, às vezes tortas... Parecem escritas por um hacker-bêbado!

Infelizmente, quem quiser comentar vai ter que passar por um estágio a mais para confirmar!

Mas não há de ser nada!

Spams, podem ir embora!
Leitores, fiquem à vontade!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

So damn lucky

Sabe essas músicas que você gosta, acha linda, mas só depois de um tempo vai prestar atenção na letra? Isso aconteceu comigo.

O trânsito tava brabo. Chovia. Eu ouvindo a canção que já tinha escutado incontáveis vezes. De repente, a ficha começou a cair. Devagar, sem esforço. "Caramba, será que ele está falando disso mesmo?"

Aos poucos, uma estrofe se juntou à seguinte, fazendo sentido, com significado amarradinho, como uma espinha dorsal. Sim, porque várias músicas começam versando sobre um assunto (amor, por exemplo) e logo perdem a lógica, perdem o nexo. Há músicas que se levam mais pela melodia e não tanto pela letra.

Pois esta não. Esta é inteira, tem início, meio e fim. E fala de algo que, poucas vezes, ouvi como tema de música. A letra é a seguinte:
-----

So Damn Lucky - Dave Matthews

Tudo ficou diferente
minha cabeça nas nuvens.

Bati no meio-fio
meu pé no acelerador
comecei a deslizar
perdi o controle
tudo está diferente
num piscar de olhos

Oh, meu Deus
espere e veja
O que acontecerá comigo agora
Coração congelado
rodas gritando
será que o grito vem de mim?

Sou muito sortudo!
Por você ter insistido e dito
"Te vejo mais tarde"
Eu te escutei
mas, alguns minutos depois,
estou deslizando
tudo está diferente de novo!

Me peguei pensando agora
que você fez tudo o que podia quando disse
"Amor, pega leve, vá devagar"
"Ok", foi minha resposta.

Oh, meu Deus
espere e veja
O que acontecerá comigo agora

Coração congelado
rodas gritando
será que o grito vem de mim?

Me leve de volta
para pouco antes de eu estar rodando
me leve de volta
para pouco antes de eu estar tonto
me leve de volta
é incrível o que pode acontecer em um minuto.

Rodando, rodando, rodando...
É incrível o que pode acontecer em um minuto.
----

É isso mesmo. A letra versa sobre um acidente de trânsito. Simples assim.

No refrão, Matthews congela aquele instante logo após o carro ter batido. Um momento de pânico. Quando acontece um imprevisto, é como se nossa consciência aflorasse com tal potência que parasse o tempo e tomasse ciência, por centésimos de segundo, do que está prestes a ocorrer.

Frações de segundo, mas dá tempo de ter medo, de se arrepender, de se perguntar "por que eu estava tão depressa?"

A letra, do início ao fim, parece uma "confusão mental" de tempo, a mesma que apresenta um doente que acaba de acordar de um desmaio pós-acidente. Como um fluxo de pensamentos.

Não segue uma ordem cronológica. Narra o evento do carro capotando, congela o instante em que está prestes a se espatifar, volta para o momento pré-acidente, conclui que é muito sortudo por ter sobrevivido, retorna para o segundo em que estava saindo de casa, quando sua mulher o alertou para pegar leve...

É uma letra existencial. Já deve ter ocorrido essa sensação a todos.

Como um minuto pode mudar uma vida inteira.

Como, se pudéssemos voltar no tempo, salvaríamos alguém que amamos de algo ruim.

Como passado e futuro se interligam por palavras e pequenos gestos que parecem pré-destinados a existir.

O tema é tão óbvio, mas tão sensível. A canção é tão suave, mas tão poderosa.

Uma música sobre vida e morte, sobre amor nas curtas palavras, sobre lembrar de quem se ama. Sobre pôr tudo a perder num piscar de olhos.

Não há alegoria melhor para isso do que um carro.

Considerado por muitos a extensão do homem, símbolo fálico de poder.
Máquina que dá ao homem a capacidade de se mover com velocidade sobre-humana.

Mas uma cápsula que ilude, e faz perder o controle num instante

A frase-título, 'So Damn Lucky', ou "Sortudo pra cacete!", resume a sensação deste eu-poético que escapou do acidente fatal.

O acaso o salvou.

O acaso o ofereceu a chance de voltar para sua esposa, que poucos minutos antes o tinha alertado: "Vai devagar!"

Muitos não têm essa chance, embora merecessem. A chance de voltar atrás.

E Preste atenção: A melodia tem o ritmo de um carro em movimento na estrada, com aquela levada constante. Quando se viaja dirigindo, sente-se, no volante, a vibração das rodas girando sem fim.

Os amigos do blog me verão muitas vezes falando sobre o sul-africano Dave Matthews. Para mim, um dos maiores poetas da música. Homem das melodias mais simples e mais bonitas.

Quem ficou curioso, é só clicar aí embaixo.
Em versão acústica, Dave Matthews e Tim Reynolds em NY, Radio City Music Hall, em 2007.

So damn lucky.


Enquanto eu dirigia, do nada, me caiu a ficha desta letra.

Sou muito sortudo!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Tatuagens

Fico pensando.

Sabe essas pessoas que têm o corpo todo coberto por tatuagens, cada uma diferente da outra?

Será que elas escolhem uma por uma?

Ou chegam pro tatuador e dizem: "Ah, sai desenhando qualquer coisa aí! Depois eu vejo no que deu."

sábado, 17 de janeiro de 2009

Música na Casa Branca

Será que uma música pode revelar a cara do governo do próximo presidente dos Estados Unidos?

Na terça-feira, Barack Obama tomará posse frente à uma multidão em Washington.
Obama pediu que John Williams, mestre da música do cinema de Hollywood, compusesse uma peça exclusiva para esse dia especial.

Williams é criador de temas eternos, como o de Guerra nas Estrelas e Tubarão. Quase todo mundo sabe cantar essas músicas na base do pã-pã-pã!

John Williams, por sua vez, e com a benção de Barack, abriu mão de uma orquestra para executar a obra. Convocou apenas quatro músicos.

Yo Yo Ma, Gabriela Montero, Itzhak Perlman e um clarinetista da Orquestra de NY.

Yo Yo Ma é um conhecido violoncelista americano, com ascendência chinesa.
Gabriela Montero é uma pianista venezuelana naturalizada americana. Não é das mais conceituadas, mas tem costume de improvisar quando toca música clássica, algo incomum.

Itzhak Perlman é violinista israelense e mora em Nova York. Já tocou com Williams na trilha de 'A Lista de Schindler'.

O músico do clarinete da orquestra do Brooklyn é bem menos famoso. Ouvi na rádio sobre todos esses quatro e não guardei o nome dele, nem achei na internet. (Admito, foi uma pesquisa de google preguiçosa). O clarinetista é um americano típico.

Vamos exercitar a imaginação. Vamos supor que esse número musical fosse um trailer da personalidade do governo Obama.

"Hmmm... Será um governo que valoriza diferentes culturas e religiões. Da América Latina à Ásia, passando pelo Oriente Médio. Israelenses, budistas, católicos, protestantes, ateus.

Num país que costuma ter preconceito com imigrantes e um patriotismo exacerbado, um presidente que acredita nas diferentes etnias trabalhando juntas.
Um maestro genial para conduzí-los. E que dá espaço para improvisos. Todos tocando uma canção nova, inédita e exclusiva."

Claro, meu prognóstico é otimista demais, inocente demais. Esperançoso demais.

No fundo, é só uma brincadeira.

Mas, quer saber? Eu acredito. Acredito que os ingredientes da Era Obama podem estar, sim, na canção de abertura.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Foto-verso

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Valeu, Fernando Caruso

Vocês curtem "Stand-up comedy"?

Ao pé da letra, 'Comédia em pé'.

Aquele estilo de humor americano em que o cara fica em pé, com um microfone sustentado por um pedestal, fazendo observações engraçadas e inteligentes sobre o dia-a-dia. Contar piada não vale!

Cada comediante deve ter texto próprio e inteligência própria também. Obviamente, ser engraçado ajuda muito. Parece um blog-falado de humor. Um lugar para expor as percepções e dividí-las com os outros. Quanto mais o público se identifica com o que está sendo dito, mais retumbantes são as gargalhadas. Palavrões estão liberados.

Nos EUA, Seinfeld, Eddie Murphy e Chris Rock são alguns dos expoentes desse tipo de comédia.

No Brasil, há alguns que fazem o estilo muito bem. Já fui assistir a alguns espetáculos no teatro.

Na minha opinião, o mais engraçado é o Fernando Caruso.

O bom texto de stand-up faz abrir uma gavetinha da sua percepção que diz "Caramba, eu já tinha visto isso, mas nunca tinha pensado nisso desta forma!"

Por exemplo, o Caruso uma vez falou sobre 'flanelinhas' nas ruas que pulam na frente do seu carro e, gesticulando, ficam te apontando a vaga! "Aqui, aqui, ei ei ei!"

Caruso disse assim, "Eu tô indo pra casa e um cara surge no meio do caminho insistindo para eu entrar numa vaga! Porra, eu só tô de passagem! O que ele quer que eu faça? Será que ele imagina que eu vou ligar pra casa e dizer; 'Amor, olha, eu tava indo pra casa mas é que eu vi uma vaga foda! Foda! vou ter que estacionar aqui, não posso perder!"

---

Não sei se isso tem ALGUMA graça quando escrito, e não falado.
Perdoem-me, esta é a primeira vez que estou fazendo copy + paste da graça alheia.

Eu dou muita risada quando lembro dele falando essas coisas.

Procurem por ele no youtube. Vale a pena.

Disney de gesso


Aviso: este post é só para quem achou algum vestígio de graça no post acima.

Por favor, a quem não esboçou um sorriso sequer; não continue lendo. Só vai me fazer parecer um idiota, daqueles que contam algo supostamente engraçado e riem sozinhos.

Perdoem-me os palavrões.
Uma das que mais me fizeram gargalhar do Caruso me fez lembrar da minha infância.

Vou escrever de memória, escrever o que restou em mim daquela noite hilariante em que o ouvi falar:
---

"Vocês conhecem aquele brinquedo da Disney que vinha numa caixa amarela, uns bonequinhos de gesso pra fazer em casa? Lembram disso? Vinham uns moldes do Pato Donald e do Pateta, um saquinho de gesso em pó e uns três circulozinhos com tinta e pincel para pintar."

"Eu sempre pensava 'Que criança vai querer brincar com isso?' A impressão que eu tenho é que um belo dia o dono da fábrica ficou puto e disse"
- Quer saber? Parem as máquinas!
- Mas chefe, os brinquedos não estão prontos!
- Ah, manda pras crianças assim mesmo e foda-se! Elas que montem se quiserem!

"É um presente de grego para a criança. Imagina um moleque de cinco anos abrindo aquela caixa e vendo aqueles utensílios todos. Tem que misturar com água, fazer o molde, esperar secar. Nenhuma criança gosta de esperar para brincar!

Fico imaginando o garoto pensando 'Bem, se eu quero brincar no domingo, então começo a fazer o brinquedo hoje, quarta-feira... quem sabe, domingo tá pronto!'"

"Depois tinham aqueles círculos rasos com tinta dura. Se misturasse um pouco de água, a tinta ia saindo. Uma tinta rala, dava impressão que era feito de propósito pelos donos para sacanear a molecada: "Hahahah, vocês pensam que vão brincar assim fácil? Não vão nada! Hahaha, tão ferrados!"

"Mas, finalmente, vamos supor que o menino tivesse conseguido a proeza de montar os bonequinhos de gesso, pintado, e tivesse tudo prontinho para a diversão...

Vocês lembram qual era a 'pose' dos personagens da Disney nesses moldes de gesso?

Era o seguinte: o Pateta apoiado num muro e o Pato Donald com a mão sobre um hidrante!!! Porra, que raio de brincadeira pode sair de uns bonequinhos desses??? Fico imaginando um diálogo dos bonequinhos, um do lado do outro:"

-E aí Pateta, tudo bem?... Vai fazer o que hoje?
- Ér... (...) Bem, Donald. Acho que não vou a lugar nenhum não. Vou ficar por aqui mesmo. E você?
- (...) Ér... também vou ficar aqui, apoiado neste hidrante. Não vou fazer nada não.
- Ah, beleza então.
- Tudo bem. Valeu.
- Valeu.
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Hahahaa.. acho o Caruso genial. Espero não estar rindo sozinho.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

INCRÍVEL: O mapa do Brasil no rosto de Dilma!!!

Você consegue ver?

O desenho do mapa do Brasil no rosto renovado de Dilma Rousseff, na foto da direita?

Ainda não consegue? Está tão evidente!

Tudo bem. Vou mostrar como é fácil enxergar. Espero que, ao fim dessas linhas, você já esteja concordando comigo. É tão claro.

A Dilma da esquerda é passado.

A Dilma da direita é a nova Dilma. O ano virou, os olhos piscaram, e eis que surgiu a Ministra-chefe da Casa Civil versão 2009.

Passou por cirurgia plástica no rosto e no pescoço. Os cabelos ficaram mais claros, com corte moderno e repicado. Lentes de contato no lugar dos óculos. Maquiagem e colar de pérolas.

Pensou que a mudança era só no visual?
Nada disso. Mudou também o jeito de falar, mais manso, menos assertivo, menos 'sindicalista'.
O tom deixou de ter a amargura de alguns presos políticos do tempo da ditadura. Agora, sorri mais nas aparições públicas.

E aí? Volte a dar uma boa espiada na segunda foto?
Ainda não vê o Brasil desenhado naquele rosto?

Para enxergar, é preciso ler nas entrelinhas. Entre as linhas dos pés-de-galinha, já removidos. Entre as linhas das marcas de expressão, tiradas a bisturi.

O que este novo rosto diz para o povo, para o país que vivemos? O que este novo rosto diz sobre todos nós?

Diz muito.

A mim, este rosto diz: "Você, brasileiro, tem memória curta! Por que me preocupar em construir minha campanha à presidência da república sobre alicerces autênticos? Nada disso. Prefiro fazer à la Duda Mendonça. Dilminha-paz-e-amor! Um rosto artificial é mais importante para conquistar meus objetivos do que propostas concretas e carisma de verdade!"

A mim, este novo rosto agride! Ele afirma ao país a tolice do seu povo. É a cara de um possível futuro-governante que não nos leva a sério. O rosto de uma pessoa pública que pensa poder apagar a luz e trocar de aparência, e quando volta a acender a lâmpada, ninguém se lembra do seu antigo-eu.

Mudanças na estética não me incomodam. Nem no jeito de ser e agir. Me incomoda é essa metamorfose artificial, sedenta por votos. Me enoja essa postura tão em voga no Brasil. Assim como as louras-burras põe silicone, a ministra se transfigura para atingir seus fins.

No Brasil, e em boa parte do mundo, não se busca mais persuadir os outros pelo conteúdo.

O que vale é a forma, meus amigos, a forma.

A forma de convecer gente, a forma de conquistar votos ou admiração. A fórmula-mágica do século XXI, rasa e rasteira.

Um rosto que muda como um prédio que se reforma, que se atualiza.

É um belo exemplo do que a "Mãe do PAC" pensa das pessoas que auxilia. Se Dilma nega o assistencialismo puro e simples de suas obras, demonstra o contrário ao refazer a face.

Mostra que não julga seu povo sagaz e inteligente para perceber o golpe de marketing.

Afirma com seu rosto tudo aquilo que seu governo, supostamente, nega.

Seus novos lábios, olhos e nariz mandam um recado. Os brasileiros não merecem nada melhor do que uma nova estampa. Não merecem amor autêntico, e sim a falsa e efêmera beleza de propaganda.

E agora. Já dá pra perceber o mapa do Brasil estampado neste novo rosto?
Eu o vejo. Com todos os contornos, bordas e relevos que os governantes enxergam em nós.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Foto-verso

A maldição
do cisne carioca
é dançar sobre a Lagoa.

Quisera o cisne
de Tchaikovsky
ter destino tão nobre.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Se receber, não pule!

Inbox(1)

De: fulanoamigoseu@hotmail.com
para: (undisclosed recipients)
Assunto: Corrente Mundial
Anexo: tabela_de_fusos_horários.doc

Amigos,

Mando este email para fazer uma convocação geral! É bem simples!
Na semana que vem, dia 20/01, vamos fazer o Dia Mundial do Pulo!
Todas as pessoas da Terra vão pular juntas, num só momento, no mesmo horário!
Será que dá pra mover o planeta? Vamos descobrir!
Mande esta mensagem para todas as pessoas que você conhece, e peça a eles que façam o mesmo!
Este correio já está girando os continentes, em vários idiomas. Em anexo, há uma tabela com os horários ao redor do mundo. Como o Brasil é um país chinfrim, de terceiro mundo, faremos a ousada ação às três da manhã.
Mas não tem problema. O importante é participar!
Conto com você!
-----

Antes que alguém fique preocupado, o texto acima é totalmente fictício.
Fictício, mas baseado em fatos reais.
Alguém já recebeu esse email? Ele andou rodando por aí.

Fico perplexo, muito perplexo, com essas correntes.
Ok, vamos dar um desconto para aquelas que visam a arrecadar dinheiro para tratar de alguém doente, ou encontrar um parente desaparecido. Admito que as pessoas tentem de tudo na hora da dor.

Mas correntes de email para fins bizarros me intrigam muito. Será que as pessoas que repassam as mensagens realmente acreditam no que está sendo dito?

"Encaminhe este email para 5 pessoas em 3 dias senão o seu desejo vai acontecer ao contrário!"


Nossa, muy amiga a pessoa que me mandou a corrente! Se esqueço de espalhar a galhofa, então estarei amaldiçoado para o resto da vida! É isso que a remetente pretende?

"Se você mandar esta mensagem para 6 conhecidos, ao fim de um mês, você ganhará 10 mil reais! É sério! A Microsoft vai premiar as pessoas que participarem desta corrente e bla bla bla..."

Fico com cara de bobo de ver como alguns acreditam nisso.

Agora, voltando à nossa historinha inicial. Esdrúxula. Todos os habitantes da Terra saltando no mesmo segundo!

A primeira imagem que me vem à mente é um bobão olhando o relógio e esperando o ponteiro chegar ao topo para caprichar no pulo! Aposto dinheiro que tem gente que faz isso. Será que ele realmente pensa que, no resto do mundo inteiro, todos estão dentro de suas casas, de olho na hora, ansiosos para chegar o grande momento?

Agora, imaginemos a hipótese mais impossível:

Que os 6 bilhões de habitantes do mundo pulassem no mesmo instante! (Dando, neste gesto banal, o exemplo de união e entendimento tão necessário para solucionar guerras e conflitos).

Que possível resultado benéfico o ato traria para a humanidade?

Imaginemos o pior cenário: o mundo inteiro pula e a Terra sai do eixo, rodopiando sem rumo, em direção ao Sol.

A temperatura global esquentando dia após dia, os meios de comunicação noticiando a emergência, pânico total, Pólos Norte e Sul derretendo, maremotos. E a Terra girando, rumo ao Apocalipse.

Seria a extinção coletiva mais merecida da história do universo!


E tudo por causa da idéia de um jeca, que resolveu iniciar uma despretensiosa corrente de emails.

Sem mais, alerto: Se pintar este email na sua caixa de entrada, não pule!

Foto-verso

Quem diria?
.
Big Ben
e Big Adolf
lado a lado
.
Big Ben
paradão
sisudo como sempre
.
Big Adolf
tanto tempo depois
virou piada

Jogo inteligente


É difícil contar uma novidade na internet.

Você pergunta: "Já ouviu falar?"
Todos respondem: "Ah, isso aí é velho!"

Mas sou cabeça-dura. É possível que muitos já conheçam esse jogo, mas este post é pra quem ainda não viu.

Um desafio que testa seus conhecimentos de geografia mundial.
Para ganhar, você tem que ser rápido e culto.
Um jogo simples, mas muito divertido.

Até agora, só consegui chegar ao nível 11.

Preparados? Então visitem o site.


E podem comentar. É legal ou não é?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Lento ou intenso?

Pra quem não conhece, da Barra da Tijuca até a Gávea é uma linha reta, três túneis.

Uns 5 quilômetros (tô chutando), a autoestrada tem 2 ou 3 pistas.

Fim da tarde, sexta-feira, muito trânsito!

Muito! Mesmo. Anda e pára, anda e pára, pára, fica parado, vê o vendedor ambulante, fala "não, não quero, valeu", anda mais um pouco e pára.

Saindo do último túnel, dá pra ver um painel eletrônico da prefeitura que fica dando notícias sobre o trânsito; cada informação numa tela diferente.

Conforme chego mais perto, leio a sequência de telas. É assim:

BORGES DE MEDEIROS E

JARDIM BOTÂNICO

FLUXO LENTO

EPITÁCIO PESSOA

FLUXO INTENSO

Minha dúvida é sincera. É provável que esteja claro pra todo mundo, mas, pra mim, a informação está muito vaga!

Afinal, se eu estou atrasado, irritado com o trânsito, cansado no fim do dia, apertado pra ir ao banheiro... que opção devo escolher?

Fluxo intenso? Ou fluxo lento?

Será que dava pra ser um pouco mais específico? Que espécie de serviço público é esse?

Por mim, podiam substituir os avisos da placa que ia dar no mesmo. Por exemplo:

JARDIM BOTÂNICO

XIIII.... SEI NÃO

EPITÁCIO PESSOA

PUTZ!

Vou sugerir ao novo prefeito incluir no curso formador de motoristas a disciplina:
Interpretação de fluxos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Fotos de verdade


Se você clicar neste link abaixo, estará vendo uma das coisas mais impressionantes que vi nos últimos tempos.

Uma sequência de fotos, publicadas no Boston Globe em dezembro, contando algumas histórias do ano de 2008.

Se eu fosse você, não perderia tempo.

É impressionante!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Foto-verso

Malhado
verde estampado
azul
vermelho listrado
branco
marrom com rosa
cinza
bolinhas azuis
todo de preto

Família
Cada um é de um jeito

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Game over

Por um fiapo de barba vermelha!
Na linha de chegada, se esticou mais que o extenso bigode do cientista genial! Que virada!

E o velho austríaco, com seu divã voador, também reagiu muito bem e terminou empatado em segundo lugar!

Quanto equilíbrio na Enquete dos Gênios!

E o placar final é:

Van Gogh - 12 votos
Einstein - 11 votos
Freud - 11 votos
Shakespeare - 2 votos

total -36 votos

Acho que a eleição teve muitos votos porque a enquete foi divertida mesmo.

Não tem resposta certa, não há opção errada. É opinião pessoal, muitas vezes bem fundamentada, muitas vezes só por afinidade.
(Assim como na democracia brasileira: não teve muita gente votando no Collor só porque achava ele bonito!?)

Não há muito o que concluir, só o que agradecer a todo mundo que aceitou a brincadeira!
É verdade, alguns amigos levaram a questão a sério demais, hehe. Percebe-se pelos comentários entusiasmados!

Mas me diverti bastante. Vamos ver se, em breve, tiramos outra enquete legal da cartola.
-----

Ok, ok. Eu disse, admito. Disse mesmo que não há o que comentar sobre o resultado da enquete, não há o que concluir e tal...

...Mas dane-se! Blog é pra dar pitaco mesmo! Não resisto. Aqui vai, no post abaixo.
Quem quiser ler, fique à vontade. Quem não quiser, tudo bem.

Recorte aqui e descarte

Eu tive um professor de filosofia que dizia o seguinte;

- O homem de hoje só sabe pensar a vida tecnologicamente. Ele sente as coisas de maneira tecnológica. Aprendeu que a ciência explica o mundo. Ele deixou de acreditar na fé para abraçar os cientistas. E por que? Porque funciona! Porque a ciência mostra provas do que diz! Como o homem enxerga, ele acredita.

Meio filosófico mesmo, nunca entendi 100%. Mas concordo com ele quando dizia que o homem se deixa levar demais pela ciência. Não que meu professor fosse contra isso.

Não era uma questão de CONTESTAÇÃO. Mas de CONSTATAÇÃO.

Foguetes, fornos microondas, telefones celulares. Vivemos para ver, com os próprios olhos, como a ciência promete e cumpre! Sendo assim, outras "estrelas guias" da humanidade, como a religião, ficaram, pouco a pouco, em segundo plano.

E por que digo isso tudo? Porque acho sim que o ser humano está acostumado a superestimar a ciência, os cientistas.

Confesso, achei que Einstein ganharia fácil a enquete.
A verdade é que quase todos nós, admiradores de Einstein, eu inclusive, não sabemos direito o porquê. Conseguimos entender os benefícios da equação E=MC2? Sabemos as aplicações das teorias dele nas nossas vidas? São raras as pessoas que sabem.

Os quadros de Van Gogh, nós gostamos por conta própria. Vemos e apreciamos.
O Shakespeare também é fácil digerir (Não pelo impenetrável inglês arcaico, mas pelas histórias envolventes).
O Freud tem influência direta nas nossas vidas. Todos usamos a frase "Ah, isso é psicológico!"
Mas e as teorias de Einstein? Vai tentar explicar e compreender como se converte matéria em energia!

Não tem problema, é muito complicado mesmo! Mas isso prova como supervalorizamos os super-cientistas mesmo sem conhecê-los a fundo. Os admiramos pelo que ouvimos falar ou pelo que lemos superficialmente. E logo damos a eles o troféu de super-heróis.

Mas peraí!

O Einstein não ganhou a enquete!! Teve 11 votos, ficou em segundo, mas não venceu!

Na minha opinião, vivemos tempos diferentes. Tempos "pós-ciência", onde as certezas científicas não têm tanta influência como, por exemplo, no início do século XX.

Vivemos guerras destruidoras. O homem se decepcionou com ele mesmo. A ciência, que nasceu da lógica do homem, não enfeitiça mais, não ilude mais tanto assim!

A ciência nasceu da razão do homem. Mas o homem, com frequência, perde a razão.
Preferimos, agora, algo que venha da emoção humana. Como Van Gogh!

Vincent Van Gogh, o gênio que morreu louco e pobre.
O gênio que comia os tubos de tinta óleo que usava para pintar, altamente tóxicos.
Gênio que cortou a própria orelha fora, não se sabe bem o porquê.
O gênio daltônico, diziam. O daltônico que explodia em cores, que se angustiava ao criar um novo tipo de beleza, que sofria.
Gênio. Genial não porque tentava, não porque estudava, não porque queria.
Gênio sem querer. Gênio, simplesmente, porque era.

Van Gogh, o campeão, com 1 votinho a mais. Só 1.

A prova de que, quando vier o Apocalipse e o ser humano tiver que responder a pergunta, "Afinal, quem somos nós?", ele vai olhar para o lado, ver todas as maravilhas que a ciência construiu, mas vai respirar fundo e responder.

-Nós, seres humanos, somos, acima de tudo, artistas!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Valor do cliente < 1 pão de queijo

- Ôpa, posso provar um pãozinho de queijo?
- Não senhor. Infelizmente, não posso dar um.
- Só para provar, pra ver se tá quentinho, fresquinho. Se tiver bom, vou levar 100 gramas.
- Não posso não senhor.
- É sério mesmo? Não pode dar um pãozinho? Eu não tô acreditando!
- É sério.
- Mas em toda padaria faço o mesmo procedimento. Peço unzinho pra provar. É de praxe, uma cortesia para o cliente.
- É, mas aqui é uma "padaria express" (o que quer que isso queira dizer...)
- Express? Então me dá o pãozinho que eu como "express" também, rapidinho, não conto pra ninguém... Tô brincando, mas agora sério. Que história é essa? Minha intenção é levar 100 gramas.
((Eis que passa o gerente))
- Amigo, você é o supervisor? Então já que comecei a reclamar, vou reclamar com você. É isso mesmo, vocês não podem me dar um pão de queijo pra provar?
- É isso mesmo.
- Eu nunca, nunca vi isso. Como eu vou saber se o pãozinho tá bom?
(Empáfia) - Aí você tem que confiar na nossa loja. Aqui, só vendemos produtos de qualidade.
(Não tô ouvindo isso) - Péraí. Eu não tenho que confiar nada! Eu sou o cliente! Você sabia que eu como sanduíche aqui uma vez por semana? Agora, não volto mais!
(Cara de "não posso fazer nada") - Não posso fazer nada.
- E você acha isso certo?
- Olha, imagina se cada cliente resolvesse pedir um pão de queijo, e nós tivéssemos que dar para todos... como seria?
- Cara, se 50 clientes pedissem um pão de queijo, vocês iam vender 100 gramas pra cada um, pelo menos! Ou você acha que o cara pensa "Putz, tô com uma fome! Vou comer UM PÃO DE QUEIJO daquela loja pra forrar o bucho!!"? Ninguém come só UM pão de queijo!
- Faz assim então. Você compra o saquinho e se estiver ruim, a gente te devolve o dinheiro na hora!
- Peraí! Você tá me dizendo que vocês preferem devolver o dinheiro e perder um saco cheio deles do que me dar uma unidade?
- Isso mesmo.
(Incredulidade minha. Cinismo na cara dele)
- Eu não tô pedindo pra você me dar um sonho pra provar! O sonho é vendido por unidade, não sou maluco de pedir! Mas sim um pão de queijo!!
- ...
- Tô inconformado com isso, é um dos maiores absurdos que já vi!

(Outra freguesa chega perto) - Olha, eu tô ouvindo você falar e concordo contigo.
- Tá vendo? Tem outra cliente aqui e tem a mesma opinião! Essa é uma das maiores mesquinharias que eu já vi!
- ...
- Olha, e tem mais uma coisa: Se vocês não fossem tão avarentos, isso soaria como um agrado ao cliente. Da próxima vez que eu passasse neste shopping, olharia para a loja com simpatia. Agora, vou espalhar no boca-a-boca pra ninguém mais comer aqui!
- Não posso fazer nada senhor! São ordens do dono da loja.
- Olha, você acabou de perder um cliente. Mesmo. Fui.
.
((Putz, só muito depois pensei numa coisa muito boa pra falar:
- Olha aqui, e você faz o favor de informar exatamente o que aconteceu aqui para o dono! Que um cliente disse que nunca mais voltaria aqui por causa de um mísero pão de queijo. E ainda disse que, por causa disso, iria falar mal da loja pra todo mundo! Se você não fizer, eu mesmo vou mandar um email para o dono e falar disso.))

Acaba que eu nem falei isso pro gerente nem mandei o raio do email.

Mas agora que escrevi este post e desabafei, a históra me voltou à memória... vou procurar este email pela internet e contactar a loja! Farei isso hoje!

A tal "padaria express" é a UNO & DUE, do Rio Sul.
Onde o freguês vale menos que um salgadinho.

Olhar nos olhos

Li algo muito interessante esses dias. Um post no blog Sobretudo, Sobre tudo observava como o metrô é o único transporte de massas em que as pessoas se sentam cara-a-cara com as outras.

No ônibus e no avião há fileiras como as de cinema, um olhando para a nuca da pessoa da frente.

Curioso também é como as pessoas no metrô não se olham nos olhos, apesar da disposição geográfica ser favorável.

No suingue do vagão, a gente lê, olha pra baixo, olha a barra de ferro passando rápido pela janela, olha pra cima.

Percebemos como são as pessoas do vagão, como se vestem, se são magras, velhas, estudantes... mas nunca com um olhar fixo. Sempre disfarçando.

Se decidíssemos mirar os olhos uns dos outros, seríamos logo interpretados como inconvenientes. "Caramba, acho que aquele cara ali é maníaco! Tira o olho!"

Engraçado, o elevador é outro "meio de transporte" onde podemos ficar cara-a-cara. Mas a decisão, em geral, é a mesma:

Durante a curta viagem, olha-se para o relógio, digita-se algo a esmo no celular, tudo para evitar aquele olhar direto, um tabu na nossa sociedade.

Por que será?

Em contrapartida, outro dia peguei um táxi. Já percebeu como a maioria dos taxistas gosta de conversar? Aquele bate-papo sobre o tempo, se tá chovendo, se vai fazer sol...

Quase sempre também, ele conta sobre experiências pessoais. "Estou na praça há 37 anos", disse o meu motorista. Se o passageiro for extrovertido, rende altos papos.

Tudo isso sem que saibamos como é a cara do motorista do táxi.

Quantas vezes, quando sentamos no banco de trás, nos lembramos de olhar na cara do sujeito que está dirigindo?

O oposto também vale. Quantas vezes o motorista olhou direito a cara do passageiro?

Houvesse um crime, aposto que ninguém saberia fazer o retrato-falado.

Me peguei pensando; "Caraca, será que esse cara tem bigode?"

Foi o bigode ou não-bigode que me fez perceber como nunca sabemos ao certo a aparência do condutor.
Juntando as duas histórias, a do metrô e a do táxi, percebi que o problema não é a falta de assunto entre os cidadãos. Não é a timidez também (do carioca, então, não é mesmo). Nem é um possível desconforto de dividir experiências de vida com alguém.

O grande problema, concluí, é olhar nos olhos do outro.

Falar da própria vida, tudo bem. Gargalhar, bater-papo? Sem problema.
Mas olhar para a cara do desconhecido, aí trava tudo.

E o mesmo acontece na internet. Por que é mais fácil se abrir para pessoas virtuais do que para as de carne e osso?

Que medo é esse que temos? Medo de existir no próprio corpo? Medo de não ser aprovado? Medo de sair da bolha?

Ou será que somos programados para demonstrar indiferença com o próximo?
Na sociedade competitiva, deve-se mostrar superioriedade e descaso. Deve-se viver a própria vida.

Não por acaso, todas as metáforas sobre "zelar pela própria vida" usam o mesmo símbolo, nosso tabu social:

O Corpo Humano.

Olhar para o próprio umbigo. Cuidar do próprio nariz.

Porque no xx dos outros, infelizmente, é sempre refresco.

2 horas para o fim

São 20h e faltam 2 horas para o fim da enquete...

Que surpresa boa! O assunto rendeu discussão e já são 34 votos!

((Minha enquete anterior mais popular teve meia dúzia de eleitores)

Einstein e Van Gogh estão empatados com 11 cliques!

Quem será escolhido o maior gênio?

Quem vence?

Arte? Ou Ciência?

Dicas para recém-ciclistas

Dicas para recém-ciclistas (de um praticamente recém-ciclista).

Se você enxergar uma poça d´água, mesmo que muito rasa,

resista à tentação idiota e infantil de passar rápido por cima dela.


Não importa que o ângulo de entrada seja retinho,

não adianta segurar firme o guidon,

A POÇA NÃO SE ABRIRÁ COMO O MAR VERMELHO PARA A PASSAGEM TRIUNFAL DO SEU PNEU DIANTEIRO!

Sempre, sempre a água respinga toda na canela, na meia e no tênis!
`
Em geral, esse líquido é bem escuro.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Foto-verso

Abandone certezas
concretas demais
sólidas demais.

Troque-as por idéias
mais leves
e coloridas

Aula de geografia

Dacar. Onde fica?

O Mapa diz: Senegal. O Google maps concorda. O Google Earth, com lentes transnacionais via-satélite, lá de cima, não me deixa mentir:

Senegal.

Logo, responda rápido: Onde é disputado o RALI DACAR?

Resposta: ARGENTINA!

Sem controle sobre as ameaças terroristas, a organização resolveu trazer o evento em 2009 para a América do Sul. Trouxe a disputa e o nome do lugar também. Rali Dacar na Argentina.

Como o Rock in Rio.... onde é o festival de rock? Rio? Nada! Nos últimos anos, foi em Portugal.

E sem abandonar o nome: Rock in Rio Lisboa! (É Rio Lisboa, mas não tem o patrocínio da padaria do Leblon não...)

Por que essa esquizofrenia?

O evento deve se perguntar, em crises existenciais: Afinal, sou Lisboa, Rio, Dacar, Buenos Aires? Quem sou eu?

E nós, às vezes, lemos sobre isso sem perceber, coniventes que somos com a ditadura das marcas.

Sim, esses eventos só não mudam de nome porque "a marca já está consolidada".

Além de soar estranho, soa autoritário.

É uma atitude parecida com a daquele livro de geografia que lançaram nos EUA, um tempo atrás, decretando que a Amazônia é terra internacional.

Lembra, também, o comportamento do homem branco que fincava a placa de madeira em terras indígenas com os dizeres: "Alamo", "Texas", "Ilha de Vera Cruz" ou "Terra de Santa Cruz".

- Atenção, aborígenes. Esta terra agora vai se chamar Austrália! Não gostaram? Corram!

- Atención, mi Buenos Aires querido! Esa tierra ahora se llama Dacar!

-Atenção, irmão Lusitanos! O festival na capital de vocês chama-se Rio de Janeiro e ponto final!

Me desculpem, às vezes fico meio radical. Mas para mim, nas entrelinhas, o desrespeito de hoje é o mesmo daquele de 500 anos atrás. Só que agora, vem mais perfumadinho, embaladinho, com logotipo.

Vendem o produto. Depois, saem sorrindo, de cara lavada.

Einstein na pole-position

Jogando ioiô, de bigode e cabelos-piaçava, Albert dá a língua para os concorrentes!
Já tem 6 votos no "quadrangular final" dos Gênios!

Mas o maior cientista do século XX não pode dar mole para os outros barbudos, que vêm na cola!

Van Gogh, o homem da imaginação colorida, e Freud, o decifrador de mentes, estão logo atrás com 5 votos cada!

Shakespeare, meu predileto, tem apenas 2 votos (um deles, o meu próprio!)

A enquete que está ali do lado, à direita na página, ainda está valendo!

E com quórum nunca antes visto neste blog, de 18 votantes até agora!
---

Devo isso ao carinho do Marquinhos, que tem um blog campeão e me "linkou" neste domingo. Fiquei muito feliz mesmo, amigo! De coração.
O blog dele está a dois cliques daqui.
.
Ao carinho da Marina W, que também convidou muitos leitores pra cá!
Marina, que tem o único BloWg no mundo que se escreve com W!
Blog para Women com W maiúsculo (para homens também, hehe).

E do Zé Luis, que também chamou alguns amigos com seu slowdown, um site com ritmo tranquilo, poético e pensativo, bem contrário à ansiedade e pressa da internet.

Valeu todo mundo que está topando participar dessa brincadeira! Lendo, comentando, votando sem propósito!!

ps: ainda aposto minhas fichas no William!! Vai virar esse placar!

Jogo do Gênio

Desde que comprei esses bonequinhos, fico pensando:

desses aí, quem é o maior gênio?

Mais do que isso. Fico pensando se é possível comparar ícones de áreas tão diferentes, comparar a importância de cada um deles para a humanidade.

Concluo que é questão de gosto. De opinião, de afinidade.

Talvez, os engenheiros prefiram o Einstein.
Os psicólogos elejam Freud.
Os artistas gostem do Van Gogh,
e atores e diretores curtam o Shakespeare.

Talvez não haja regra, nem estereótipo a ser seguido.

Só pra brincar, coloquei essa enquete aí do lado. Pra ver qual é a opinião de vocês.

Quem deve ganhar?

- O homem que tratou os humanos como indivíduos com "neuroses e doenças particulares", acima das patologias comuns a todos?
- O artista que jamais vendeu um quadro em vida, mas transformou o conceito de beleza com suas cores e grossas camadas de tinta?
- O Físico que reformulou as noções de espaço e tempo, mostrou que a matéria pode ser convertida em energia, tido como o maior cientista do século XX.
- O escritor cujas peças e engenhosidade de enredo servem de guia para todos os filmes de Hollywood de hoje?

A escolha é dificílima. Sem mais explicações, o meu favorito é Shakespeare.
(Se tivesse que ordenar, seria Shakespeare-Einstein (Muito próximos) -Freud-Van Gogh (com muito pesar deixá-lo por último).

Houvesse um gênio da música aí, não sei como seria minha ordem não...

No JOGO DO GÊNIO, qual é o seu favorito?


Mais bonequinhos? http://www.philosophersguild.com/

domingo, 4 de janeiro de 2009

O blog deve pulsar

Escrever agora?
Mesmo sem inspiração?

Melhor deixar pra depois. Quem sabe, terei boas idéias.

Estes são tempos de internet.
A vida em ritmo de internet.
.
Antes, ler um jornal por dia bastava.
Agora, entra-se de 5 e 5 minutos no globo online. Já pode ter novidade.
.
E o blog? É pra ser "Meu querido diário"?
Ou só diário? Quem sabe, várias vezes ao dia?

O blog deve ter a verve e a impaciência internética?
Sempre, a todo momento, sem parar?
Ou deve seguir a cadência da inspiração humana?
Paciente, vivendo de lampejos?

Hoje, seres humanos são máquinas.
Voando na velocidade da fibra ótica.
Prefiro deixar meus posts
no ritmo do corpo humano
que respira, que pulsa
com intensidade, mas também com intervalos.

Que este blog seja um organismo
e não um mecanismo

respirando
sem pressa

de vez em quando.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Ósseo criativo

De volta ao Takanakuy

Socos, chutes, muita agressividade.
Sangue. E um juiz para interromper a luta quando alguém começa a se machucar muito.

Assim é a festa do Takanakuy.
Este é o método usado para resolver rixas pessoais num povoado do Peru.

Uma vez por ano, dia 25 de dezembro, habitantes se enfrentam, dois a dois. Até crianças entram na briga. A aprovação popular beira o 100%.

Uns posts atrás, escrevi sobre isso e coloquei uma enquete. Deu empate. Metade acha o método válido para extravasar a raiva imbutida. Metade condena a prática.

É difícil opinar, por isso o caso é tão interessante.

Se adotarmos o relativismo cultural, tudo aquilo que nos parece estranho mas pertence a outra cultura é válido e legítimo.

Ou seja, tudo pode.
Burka sufocante nas mulheres de Cabul pode. Sapatinhos 5 números menores que os pés das concubinas chinesas, que os deformam, também pode. Mulheres apedrejadas por adultério na Arábia Saudita, ôpa, esse também é supernatural!

Mas como não dá pra aceitar tudo, deve haver alguma linha que separe o absurdo do tolerável, algo que respeite o senso comum de todos os habitantes do planeta. Aí está o desafio do homem, encontrar esse limite.
Assim, voltamos a nossa vila peruana, onde todos trocam tapas até tirar sangue para dar vazão às angústias do dia-a-dia.

Na minha opinião, não podemos apontar o dedo à agressividade dos outros sem esquecer que o nosso cotidiano urbano é tão bélico quanto o peruano. Aqui, se buzina à toa, se xinga no trânsito, se faz gestos obcenos.

Briga de mão? Surge em qualquer lugar, a qualquer hora, seja entre bêbados no bar, entre torcedores nos estádios, entre motoristas desaforados, entre pitboyzinhos na boate.

Raiva, ódio. Afloram em qualquer cidadão de bem que leia as notícias deste país, reino da impunidade. Que vontade de esmurrar aquela cara cínica do Luiz Estevão, do Maluf, do Collor!

Nosso dia-a-dia também oferece elementos para sermos tão violentos, ou mais, que a comunidade do Takanakuy. Mas será que a troca de socos e pontapés por lá estimula uma sociedade mais violenta, que autoriza a agressão física como modo de resolver pendengas?

Para responder isso, teríamos que pesquisar o cotidiano, os índices de criminalidade e violência deles. Tenho a impressão de que a briga fica dentro da arena, apenas lá dentro, e não transborda para o convívio social.

Minha única restrição ao Takanakuy é com relação às crianças. Não acho que elas devessem fazer parte da troca de tapas. Não acho que têm estrutura psicológica para compreender aquele fenômeno social. Acho que expô-las a essa festa da agressão pode deformar a índole que ainda não amadureceu.

Só assim, talvez, a futura geração não aprendesse a violência como regra. E pudesse festejar o Takanakuy só com dança e fantasias, abrindo mão dos chutes, dos socos e do sangue.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Inventando a roda


"Nada se cria, tudo se copia"

Sempre pensei que houvesse um tom pejorativo nessa expressão.

Afinal, quem copia não se garante. Faz plágio. Imita.

Mas, com o tempo, tirei outra conclusão.

Tanto já foi criado que ficou difícil produzir algo inédito.

A busca pela originalidade pode esbarrar, sem querer, no que já foi inventado.

As criações, pois, devem viver em pequenas bolhas.

Nunca colei. Nunca fiz copy + paste.

Se eu inventar, um dia, algo que já existe

por favor, não me avise!

Foto-verso

Borrão,

De longe, efeito.

De perto, defeito.

Perdoe-me o mau humor


A selva urbana que vivemos produz algumas anomalias que já se tornaram banais, tal é a frequência com que insistem em acontecer.

Caminhoneiros que carregam toneladas pelas estradas afora, sem poder dormir. Como pode existir essa profissão? Um acidente ambulante, esperando para acontecer. Ah, e com obstáculos esburacados para dar mais emoção.
.
Este é apenas um dos absurdos cotidianos. Tem também os seres-humanos que puxam carroças de entulhos; casebres que desafiam a gravidade, crescendo morro acima, com alicerces frágeis. E tantos outros que, às vezes, nem causam mais indignação.

Mas há um, menos perigoso e degradante que os citados acima, que me chama muito a atenção. E me revolta bastante.

Por que será que a classe média aceita ficar fazendo fila pra comer?
Ok, o restaurante é bacana, a comida é de qualidade, frequentar aquele lugar dá status e tal... Mas esperar mais de uma hora para sentar-se à mesa é um exagero!

Sem contar que o sujeito já chega ao restaurante com fome. Eu, quando tenho fome, se esperar mais uma hora me transformo no Senhor Rabugento!

Confesso, é uma opinião meio radical. Cada um é cada um, quem quiser esperar que espere. Sei, sei, não tenho nada a ver com isso.

Mas por algum motivo ainda não decifrado, isso sempre me irritou. Na Zona Sul do Rio tem os campeões da fila. Filé de Ouro, Braseiro, Pizzaria Brás... claro, e o campeoníssimo OUTBACK, o maior fenômeno de lotação da história da gastronomia do Brasil.

Pense em qualquer horário e qualquer dia. Qualquer um! Tem fila!

Cara, quer aberração maior que um cliente ganhar um "pager" que vibra quando chega a vez de sentar?

Me irrita um pouco passar por esses lugares e ver as pessoas sorridentes, conversando (e suando, várias vezes, quando a fila é ao ar livre). De pé, ou mal sentadas, mal acomodadas. Mas na boa, conformadas, esperando a vez.
.
Sei lá, acho que me incomoda tanto porque parece uma metáfora social. Esse "aguardar passivamente" representa um comportamento cotidiano maior, de acomodação, de que tudo está bom como está, contanto que seja imposto pelos lugaresinhos-chiques-formadores-de-opinião.

Me irrita um pouco a apatia, o ar blasé, amparado e abençoado por uma grande marca de restaurante: "Ah, estou aqui perdendo tempo mas, afinal, estou esperando para comer no Outback!"

Me transmite um pouco de descaso com o próprio tempo livre. É como se a experiência social vazia se sobrepusesse à vontade que as pessoas têm de se divertir, de gastar o lazer com coisas mais prazerosas.

Sei lá, ultimamente tenho andado pensando muito que o homem se realiza mesmo é no seu tempo livre, e não tanto no trabalho. Trabalhar com o que se gosta é uma benção, que não sorri para todos. Mas escolher o lazer é algo totalmente pessoal, que não depende de mais nada.

Dar uma corrida, dar um pulo na praia, ver um bom filme, dormir e sonhar, ir a um show, escrever, ler, pintar, pedalar, viajar, jogar bola, tocar um instrumento, tirar fotos, ficar de bobeira, namorar... Isso tudo nos traz realização de uma forma quase-transcedental.

Mas ficar parado na porta de uma birosca, sorrindo e suando, isso não!

Foto-verso

Uma mensagem para 2009

Se todos pensam numa só direção,

vá na direção contrária!

Feliz Ano N9ve a todos!