segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Ei!"

O celular vibra no bolso. Nova mensagem.

Aperto o botãozinho pra ver o torpedo:

"Ei! Quer ganhar um Ipod? Então concorr..."

Parei de ler! Já deletei!

Por que deletei? Não, não é só porque não gosto desses torpedinhos que a operadora manda aos montes pro celular da gente. Spams disfarçados!

O motivo principal é uma palavrinha com 2 letras: "Ei!"

Ei????

É isso mesmo? Este é o vocativo que a operadora TIM escolheu para chamar a minha atenção e me convidar para participar da promoção sensacional???

Fico chocado com a falta de bom senso latente na atualidade.

Há uma moda no ar: todas as empresas cismaram que devem cativar o público jovem. Canais de televisão, rádios, revistas, bebidas, restaurantes...

Todos miram naquela faixa etária entre os 16 e 28 anos.

E qual é a conclusão a que chegam? Vamos chamar o cliente de "Ei!".

Genial!

Na minha opinião, um abuso da falta de educação.

Sabe aquelas pessoas que te chamam assim ó: "Psiu! Psiu!"

Irritante, tosco. O "ei" é do mesmo nível.

Para mim, há entrelinhas a serem lidas. Você só chama de "Ei" aqueles de quem você não sabe o nome, ou não se importa.

"Ei, você" pode ser dito para qualquer um. Seja o joãozinho, a mariazinha, o andrezinho.

"Ei! É, você mesmo! Serve você mesmo!", - é o que a TIM me diz quando manda uma mensagem dessas.

Em outras palavras, não liga a mínima para o que eu penso, não quer saber das minhas reclamações, vai me deixar pendurado na linha quando eu ligar reclamando de alguma coisa. Sou apenas um "Ei", como você e todos os milhões de "Eis" pelo Brasil.

Ao menos, não há hipocrisia. Sou chamado de "Ei" e sou tratado como "Ei".

Só não descobri, ainda, como faz pra parar de receber estes torpedos.

Ao menos, nos spams, existe a função "unsubscribe".

sábado, 27 de junho de 2009

Caminhando na Lua


Quando eu tinha 2 ou 3 anos, talvez muitas coisas me fizessem ter medo.

Mas nenhuma delas me marcou tanto como um certo videoclipe.

Morávamos nos Estados Unidos, em Los Angeles. A MTV já existia por lá em 1982 e 83.

Na época dos canais abertos e da TV convencional, os EUA já tinham este canal dedicado exclusivamente à música.

Bastava começar, na telinha, a saga daquele magrinho de roupa de couro vermelha e sua namoradinha que eu saía correndo da sala de TV:

- NO thriller, NO thriller! - eu gritava, em inglês.

Eu morria de medo do clipe Thriller, do Michael Jackson.

- Como assim? O Michael não era pra ser do bem? Como é que ele aceita esse conluio com um bando de zumbis pra aterrorizar a própria namorada? - Eu estranhava.

Aqueles monstros, aquela maquiagem me deixavam em pânico.

Era a primeira marca de Michael Jackson na minha vida.
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Michael morreu ontem, mas já tinha morrido havia muito tempo.

Ontem o coração dele parou. Mas fazia anos que ele já estava afastado da mídia e dos holofotes.

É claro, aqueles que compraram os ingressos para a mega-turnê que começaria em Londres, em julho, devem ter sentido um luto mais intenso.

Mas as demais pessoas do ocidente, estas não. Acredito que elas já não viam Michael fazer parte da vida delas havia tempos.

Alguns, agora, devem estar me questionando:

- Como assim? Michael Jackson já morreu há muito tempo??? E a sua obra?? E sua genialidade???

Concordo, amigos. Também acho que a arte de um homem o transforma em imortal. Acredito que o talento e as habilidades de um ser humano, diferente dos demais, faz dele digno de ser lembrado durante muitos séculos.

Gênio? Não preciso repetir o que é óbvio, e o que temos visto tanto nas TVs, Jornais e Internet.

Esquisito? Também não preciso bater nesta tecla. Todo mundo está careca de saber como o Michael era.

Mas o artista já tinha sucumbido, faz tempo, à pressão de ser um mega-star! Fazia décadas que vivia recluso.

Eu, por exemplo, não me entristeci tanto assim. Talvez por essa ausência recente de Jackson. Talvez por ainda não ter caído a ficha.

Talvez por ele ter se transformado, com o passar do tempo, em um ser sobre-humano.

Um ser que, ao contrário da maioria dos mortais, andava de máscara, tinha um parque de diversões em casa, se vestia de maneira carnavalesca, tinha hábitos infantilizados.

Alguém que perdeu radicalmente o maior traço de identidade pessoal: o próprio rosto!

Quem desembarcasse de Júpiter e pegasse duas fotos de Michael, uma dele quando criança e a outra já adulto, jamais diria que é a mesma pessoa.

Por todos essas características, não consegui ter a compaixão e o sentimento que teria pela morte de um outro humano querido. É como se faltasse um traço de identificação.

No entanto, não pense que eu o condeno. Pelo contrário.

Jackson morreu há exatos 45 anos.

Morreu quando ainda era criança, o caçula de 9 irmãos, e foi forçado para as vísceras do mundo do estrelato.

Apanhava do pai, era o astro da banda formada por outros 4 irmãos já marmanjos.

Perdeu ali sua inocência, sua infância e sua vida.

Acho que poucos perceberam, mas tivesse Michael morrido com 80 anos, teria sido o único caso da humanidade em que a pessoa viveu em frente às câmeras desde criança até a velhice.

Um autêntico "Show de Truman". Um reality show da vida real! E que não acabaria nunca.

Imagina a pressão.

Talentoso que era, mudou a música e a estética POP para sempre. Humano que era, não aguentou manter a sanidade.

Um tributo a Michael Jackson, que marcou a vida de tanta gente. Fundamental para a música do mundo. Essencial para formar os conceitos dessa geração que, hoje, tem a minha idade.

Mas fico pensando.

Isto é o que Jackson, em meio a tanta loucura, conseguiu dar à humanidade.

Se pudéssemos voltar no tempo, será que a humanidade teria aberto mão de fazer daquela criança um ícone?

Será que Michael não teria trocado sua vida meteórica pela chance de fazer tudo de novo?

Será que ele não preferiria ter vivido a vida de uma criança normal, de voz afinada e poderosa como só os negros têm, mas bem longe do showbiz?

Meu palpite é que sim.

Acho que teria aberto mão de caminhar na lua para poder andar tranquilo pelo planeta Terra.

Uma homenagem a Michael Jackson, por tudo o que ele foi. E por tudo aquilo que ele não pôde ser.

Paradoxos

Um dos maiores mistérios da ciência é:

Há algumas substâncias que só podem ser analisadas, ao microscópio, se forem tocadas.

Sim, tocadas pela pinça (ou por qualquer que seja o instrumento).

O problema é que o simples fato de encostar nela já altera sua composição física (e, talvez, química).

Em outras palavras: o cientista nunca conseguirá examinar a substância como ela é. Com o simples toque, deixa de ser ela mesma.
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Outro paradoxo:

um aviso escrito em braile que diz: "Não toque!"

Para desvendar a mensagem, é necessário tocar o alto-relevo com os dedos. Já era!
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Tudo isso é preâmbulo para uma história que se sucede, dia após dia, no banheiro do meu trabalho.

O papel-toalha para secar as mãos fica preso no suporte logo acima da pia. É daqueles que dificultam a saída das folhas.

É necessário puxar com firmeza. E com as duas mãos.

Senão, o risco de rasgar o papel é enorme.
A folha propriamente dita também não é das melhores.

Pois bem. E isto é o que acontece todos os dias:

Mãos lavadas e encharcadas, é hora de secá-las.

Ao encostar no papel-toalha, ele começa a desmanchar no exato ponto do toque. Os dedos molhados transferem as gotas para o papel, que rapidamente fica frágil e dissolve.

É impossível, com as mãos lambuzadas de água, tirar o raio da folha!

Quando você percebe, você já destruiu a toalha que estava pendurada, à disposição do "freguês".

A seguinte está entalada dentro da caixa plástica. O esforço de tirá-la dali implode a paciência de qualquer um.

Resultado. Xinga-se uns palavrões e seca-se as mãos na roupa mesmo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mais Rn'R!!!

Galera,

por enquanto a discussão tá boa!

Perguntados, no post abaixo, sobre o melhor RIFF de guitarra da história do Rock, os leitores palpitaram bastante.

Já apareceram Nirvana, ACDC, Kiss, Foo Fighters, Deep Purple, The Who, Pearl Jam, Eric Clapton, Rolling Stones...

Mas tenho alguns recados para alguns dos queridos internautas:

Vinça: escolher "Detroit Rock City" como o melhor de todos é forçar muito a barra!!! Tá querendo aparecer como sabichão, é ou não é? Eu não conhecia e fui conferir no Youtube. Achei fraco... Não sabes nada de música mesmo!!!

Sr Tédio: essa ONE é do U2? Realmente a música é linda e a melodia incrível.

Cristiano: deixa de ser diplomata e sai de cima do muro!

Papis: valeu pelo primeiro comentário na história! Estreou bem!

Minha priminha de SP: Ninguém é obrigado a saber isso, então vou esclarecer. É chamado de RIFF uma linha de guitarra que caracteriza uma música. É como se fosse um REFRÃO, que fica na cabeça e pode ser facilmente identificável.

Felipe: pode votar! Bee Gees também vale!

Daniel e Touro: Vocês estão pipocando? Cadê a resposta de vocês?

Agora, uma pergunta: perceberam como não apareceu nada dos BEATLES? Será que os 4 moleques de Liverpool não sabiam fazer RIFFs?

O que acontece com a maior banda da história?

(Não se esqueçam de "Twist and Shout!")

Abração a todos

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Rock n' Roll

Pergunta difícil.

Gostaria muito da colaboração dos roqueiros.

Qual é o maior Riff de guitarra de todos os tempos???

E qual é o maior Riff dos últimos tempos???


Como a questão é seríssima e de fundamental importância (sem sarcasmo), não tenho tanta certeza para responder assim, na bucha!

Mas até que eu mude de idéia, meus favoritos são:

MELHOR RIFF DE TODOS OS TEMPOS: Whole Lotta Love (Led Zeppelin)

MELHOR RIFF DOS ÚLTIMOS TEMPOS: Alive (Pearl Jam)

E vocês, o que acham?

Comentem aí embaixo. Votos anônimos também servem. Quero ver o que vocês pensam para ver se eu mudo de idéia.

Peço o obséquio de vocês convidarem os amigos roqueiros a opinar também.

Obrigado e...

Rock n´Roll!!!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Você tem cara de quê?

Tô traumatizado.

Eu chego na padaria e o cara do balcão me grita: "Fala aí, gaúcho!"

Detalhe: nunca fui ao Rio Grande do Sul.

No trabalho, me chamam de uns três nomes diferentes.

Um tem certeza de que eu me chamo Alexandre. Eu aponto o nariz no corredor e ele berra: "E aí, Alexandre. Beleza?"

(Não é a primeira vez na vida que me chamam de Alexandre. Eu até compreendo. Alexandre também começa com "A", e contém a palavra "Andre" no nome. Tem a ver)
Outro me chama de Léo. "Oi Léo, tudo bem?"

Léo? Por que Léo?

Mas o pior é o cara que jura que meu nome é Helton. E qual é a particularidade deste caso? O nome do próprio também é Helton!

As exclamações "E aí, xará?" se intercalam com os chamados de "Fala, Helton, tudo bom?".

O pior é que o cara nem hesita...

Sabe quando você não tem certeza de como uma pessoa se chama e você diz, baixinho e rápido de propósito, um suposto nome que faça a pessoa entender que você sabe perfeitamente o que está falando?

Pois é. Nem isso o Helton faz. Ele não tem dúvidas. Ele SABE que eu também sou Helton. Pronuncia com todas as letras, claramente: H-E-L-T-O-N.
Acho que nem minha carteira de identidade o faria mudar de idéia.

Qual deve ter sido o maldito dia em que ele concluiu que nós dois éramos xarás? Que mal-entendido pode ter levado a esse equívoco?

O pior é que não sei como reagir. Afinal, todas essas pessoas são efusivas na hora de falar comigo.

Não tenho o direito de ficar p... da vida. Mas também não posso ser 100% receptivo com o erro.

Em geral, minha postura é a de "peixe ensaboado". Abro um sorriso, dou um rápido aceno, mas não paro pra bater papo.

Às vezes, faço a tática do surdo. Se o cara me chama e não estou fazendo contato visual, eu o ignoro de propósito.

Talvez, repetir minha suposta alcunha algumas vezes sem obter resposta faça o cara se questionar, com uma das sombrancelhas arqueadas e mãozinha embaixo do queixo: "Peraí... será que ele não se chama...?"
.
Outras vezes, adoto a tática do xerife no Velho Oeste. Saco primeiro e saio atirando! No simples cruzar de olhares, o cara ainda está abrindo a boca pra proferir meu falso nome em vão e já saio gritando, atropelando mesmo: "Fala, cara, tudo bem? E aí? Beleza? Que bom! Tranquilão então né? Valeu, fui!!!"

Já metralhei o sujeito sem dar tempo de ficar constrangido.

A última saída que encontrei para essa saia-justa é executar um plano em conjunto. Mas este exige coordenação, ensaio e parceria.

Faço o seguinte: comento com um amigo sobre o problema em curso. Espero a chegada do errante, como numa armadilha, e peço ao meu camarada para que grite meu nome, em alto e bom som: - André!!!

Assim, rezo para que o fulano equivocado preste atenção e desconfie, por um instante, que eu não me chamo Léo, nem Alexandre, tampouco Helton, e que, pelamordedeus, não sou Gaúcho!!!

Confesso, senhores. É uma aflição diária.
É a cruzada do homem que guarda um segredo horrível, capaz de fazer ruir a convicção mais concreta dos colegas, e causar decepção, embaraço, desilusão.

Deixa quieto. Eles ainda não estão preparados para a verdade.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Idiossincrasias

(i.dios.sin.cra.si.a)

1 Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa.

2 Qualquer detalhe de conduta peculiar a um indivíduo determinado e que não possa ser atribuído a processos psicológicos gerais, bem conhecidos.
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Aí está a definição de idiossincrasia segundo o dicionário Michaelis.

Quando eu era pequeno, tinha dificuldades de entender a palavra. Ficava pensando o que o índio tinha a ver com isso. Índio Sincrasia.

Hoje, já tendo desvendado o vocábulo, reconheço uma das minhas:

Comer batata-frita Pringles, aquela das latinhas, sempre com o lado do tempero virado para a língua.

É fácil. O lado de cima, côncavo, não tem aquele pózinho salgado que dá gosto a batata.
O lado de baixo, convexo, aquele que faz a barriguinha, tem todo o tempero.

Pra mim, faz toda a diferença.

Não realizar o ritual é um desperdício de sabor.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Será que precisamos de um Batman?

Com a cara lavada e o bigode imundo, Sarney discursou nesta terça-feira no senado.

O presidente da casa driblou as acusações como um garrincha encapetado. Renegou os escândalos como se não fossem dele.

-Todos os congressos do mundo têm seus problemas! Essa crise não é minha, é do Senado.
.
Bradou como se fosse uma criança recém-chegada ao parque. Mas, como bem lembrou o comentário político da CBN, Sarney já está no terceiro mandato como presidente da casa. Conhece muito bem as entranhas podres das maracutaias e é responsável por boa parte delas.

Com atos secretos, deu emprego ao neto, a duas sobrinhas, exonerou sem exonerar uma chefe de gabinete. Tudo com aquele dinheirinho que eu e você demos tão duro pra conseguir.

Se não me engano, o Senado tem um orçamento anual de 2 bilhões de reais. Será que eu prefiro saber pra onde vai esse dinheiro ou prefiro seguir na minha quase-ignorância?

É lógico, nada vai acontecer ao Sarney nem a nenhum pilantra que trabalha(?) sob o teto do suntuoso prédio de Niemeyer, construído com uma meia-bola de cada lado e duas torres ao centro.

Com os horrores da ditadura militar tão recentes, é quase uma heresia dizer que não se confia mais na democracia. É perigoso demais manifestar publicamente o castigo que, no íntimo, julgamos que esses canalhas merecem.

Por isso, sugiro solução mais amena:

Não estaríamos precisando de um Batman que trabalhe só em Brasília?

Que desse um vôo rasante sobre o senador bigodudo no momento exato em que o picareta, distraído, estivesse entrando no seu carro, no estacionamento vazio sob a noite escura.

Nosso herói laçaria o sacripanta com a Bat-corda e o capturaria sem deixar vestígios. Depois de dar-lhe um baita susto, fazendo o confessar seus crimes nojentos, abandonaria-o ao nascer do sol, pendurado de cabeça pra baixo feito morcego.

Batman continuaria o procedimento justiceiro nas semanas seguintes: Renan Calheiros, Fernando Collor, os mensaleiros do PT e quem mais precisasse de um corretivo.

Em pouco tempo, todos os políticos de Gotham City estariam borrados de medo, coagidos, infelizmente, pelo terror e não pelo respeito à eficiência da Justiça.

Já perdi as esperanças nas autoridades e nas leis. Que pena.

Alguém no DF, por favor, ligue o holofote tatuando os céus da noite negra. Deixe aparecer, para todo político ver, o sinal do morcego justiceiro.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Xixi a bordo

A Ryanair, companhia irlandesa de aviação, vai cobrar $ dos passageiros que queiram usar o banheiro. A medida, segundo um jornalão do Rio, começa a valer a partir do ano que vem.

A resposta íntima que tenho para isso é a seguinte: como eu gostaria que algum passageiro, com uma veia Che Guevara, baixasse as calças e fizesse as necessidades no corredor. Só para protestar.

Absurdo, bizarro. Como assim, cobrar por um xixi? Em pleno vôo?

Quer dizer que se eu estiver apertado e não tiver um tostão furado no bolso, tenho que segurar até o avião pousar? Passar desconforto e constrangimento? Será que a lei permite isso?

Ou será que eu posso ficar em débito com a companhia de aviação e pagar lavando pratos no convés do avião?

Outra: como será o esquema da taxação do banheiro? Será que haverá preços diferentes dependendo da necessidade a ser realizada no toilette?

Antes de entrar no banheiro, aperte o botãozinho número 1 e pague 5 dólares. Se apertar o número 2, pague 10. Muito obrigado!

E como cobrar o preço justo pelo uso do sanitário? Como avaliar?

Sim, porque há duas formas de se olhar a questão:

Se considerarmos que são necessidades fisiológicas, tão essenciais quanto comer e dormir, o cara pagaria até 1000 dólares se tiver passando aperto.

Mas se adotarmos o ponto de vista de que trata-se de um reles xixizinho, coisa à toa, todo mundo faz... pode-se, até, cobrar a quantia simbólia de 1 dólar.

Quanto vale o xixi, afinal?

E pra que uma empresa aérea adota essa norma?

Será que entra no esquema novo das companhias européias, cujas passagens custam superbarato, e cujas verdadeiras fontes de lucro estão nas taxas salgadas sobre o peso das bagagens e alguns luxos a bordo, como canapés e bebidas?

Qual a finalidade de ato tão ilógico e insensato?

Aberto o precedente, poderiam, muito bem, começar a cobrar pelo cochilo dos passageiros.

Vários comissários de bordo ficam de tocaia, de olho nas pessoas como lanterninhas do cinema antigo.

Fechou os olhos, cabeceou pra frente, a cabeça pendeu para o lado, dormiu? Paga vinte dólares!!

-Mas por que?
- Ah, sei lá. Porque agora nosso esquema é assim! Urinou, dormiu, comeu? Paga!

Cada vez mais, o capitalismo frenético e mutante vai transformando, mais e mais, as pessoas em robozinhos. Claro, robôs não precisam ir ao banheiro. Fazê-lo é uma extravagância.

Pra mim, é covardia esquisita e gananciosa.

A notícia no jornal deve ter passado incólume por muitos leitores, já que o contexto da aviação não desperta o alerta da crítica. Se acontece no avião é normal, imagina!

Para mim, equivale a um sequestro com requintes de crueldade, no qual pessoas são colocadas numa cápsula de aço com asas a 900 km por hora e são cerceadas e constrangidas na hora de usar o WC.
Muitos já tem medo de voar e precisam lidar com isso. Imagina ter ainda o uso do toillete para administrar.

O avião, que já não é um lugar aconchegante para muitos, torna-se ainda mais inóspito e repulsivo.

Por isso tudo é que torço para os Che Guevaras do xixi. Que eles emporcalhem bastante os carpetes das aeronaves. Até que todas exalem um aroma medonho de urina, e as companhias aéreas se dêem por vencidas.

É a tática de guerrilha no século XXI.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Parado no tempo

Mastigando lentamente, com o olhar perdido, com preguiça de existir após duas jornadas longas de trabalho seguidas, fisguei um painel no outro lado da rua.

Fiquei admirando aquele letreiro de pizzaria, as cores, as palavras, e finalmente minhas atenções foram atraídas para o número de telefone do estabelecimento.

537-1934

Não, não estou fazendo propaganda de graça. Nunca provei a pizza de lá e nem sei dizer se é boa ou se só fica gostosa com catchup.

O número do telefone, a princípio, não representa nada.
Mas passa a significar alguma coisa quando uma nova informação é acrescentada ao cenário:

No Rio de Janeiro, todo telefone tem OITO NÚMEROS! E isso faz, pelo menos, UMA DÉCADA!

Por isso, fiquei pensando rápido enquanto continuei mastigando devagar (Mastigando temaki japonês, não pizza).

Há quanto tempo esse cara continua com o número de telefone antigo estampado no meio da rua São Clemente???

Quem deve ser essa pessoa, que desafia os conceitos mais modernos e arrojados do marketing?

Hoje, basta uma micronovidade que novos panfletos e posteres são impressos, emails jorram nas caixas de entrada, rádios e tvs gritam: - Atenção, o restaurante tal agora tem filial em tal lugar!!!

Enquanto isso, o pacato dono do "The Pizza" continua com seu letreiro obsoleto, defasado em 10 anos, menosprezando consumidores salivando pela entrega de uma quentinha, que digitam em vão um número que não existe.

Meus temakis já tinham acabado, eu já estava naqueles goles de guaraná para arrematar a refeição, e ainda não tinha formulado todas as hipóteses possíveis.

Qual será o principal traço da personalidade do dono do 'The Pizza'?

- Distraído, nunca percebeu que não divulgou o novo número.

- Relapso, tá pouco se lixando para o layout da fachada da loja.

- Coroa, curte uma onda "anos oitenta".

- Doidão (se der bobeira, a loja dele nem vende pizza!)

- Contestador, não se rende de jeito nenhum aos mínimos detalhes do capitalismo.

- Pobretão, não teve grana pra trocar o letreiro.

- Tranquilão, tem certeza que seus clientes saberão colocar o "2" à frente daqueles sete números.

Da próxima vez, largo meus temakis e atravesso a rua para perguntar: - Por que não trocaste o raio do letreio???

Se der bobeira, ainda peço uma fatia de pizza. Cheia de catchup.

Adendo

Será que só eu que faço isso? Ou entre dar um gole e uma garfada, a última coisa a se fazer numa refeição é matar a bebida?

Acho que, em 100% das vezes, acabo o prato de comida e dou o último gole como o ato derradeiro do almoço.

Não consigo imaginar como é ficar com o gosto salgado na boca e não com o docinho gelado do guaraná, suco, mate, etc.
E vocês, que acham? Como deve ser o grand finale de cada refeição?

sábado, 13 de junho de 2009

Sabe quem morreu?

- Sabe quem morreu?

- Quem, vó?

- Aquele velhinho do quinto andar, de cabelo todo branco. Lembra dele?

- Sei. Sério? Ai, que pena!

(momento decisivo da conversa: tivesse a neta perguntado se o falecido era o velhinho alto, como ela pensava, teria evitado o que aconteceria poucas horas depois)

-Tchau, vó. Semana que vem eu passo aqui de novo.
.
-Tchau, filha. A tarde realmente foi muito agradável.

-Beijo.

A neta esticava o pescoço para dar a última olhada na vó através da fresta da porta pantográfica do elevador, que se fechava.

Do sexto até o térreo, uma rápida e silenciosa viagem.

Plim. Chegou.

A menina abriu a porta e deu de cara com um senhor de bigode, de 1,90m, todo pimpão, que exclamou:

- Boa tarde!
.
-AAAAAAAAAAiii! Respondeu a menina, em sobressalto!!

Lá estava, diante de seus olhos, o defunto!

Tinha voltado do mundo dos mortos para cumprimentá-la naquela tarde.

Ele entrou no elevador e seguiu viagem sem entender nada.

Ela, quando o coração disparado começou a desacelerar, finalmente percebeu que deveria ter feito uma pergunta a mais para a vó.

Tivesse ela descoberto, algumas horas antes, que o morto era o velhinho baixinho e não o altão, teria sido poupada de ver fantasmas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Vitória, Empate e Derrota


Eu e MClara estávamos conversando uns papos loucos.

- Você acha que tem alguém no Brasil inteiro que já botou o nome das filhas de Vitória e Derrota?

- Putz! Sei lá!

- Ah, no Brasil todo, quase 190 milhões de pessoas. Será que ninguém fez isso?

- Cara, acho que... acho que sim. É bem possível.

- E aí, você acha que a Derrota se deu bem na vida, porque tinha que provar que não era derrotada?

- Sinceramente...

- Ãhn!

- Sinceramente acho que as duas se deram mal na vida!

- Ai, por que? Que horror!

- Sei lá, com esses pais que dão esses tipos de nome às filhas... posso imaginar que outras coisas as crianças não devem ter aprendido com eles.
---

Aí, tive outra idéia. Perguntei a ela:

- E me diz uma coisa, se você fosse nascer menina e tivesse duas opções:

Você preferia se chamar Empate ou arriscar que te dessem um desses dois nomes: Vitória ou Derrota?

Não vou revelar a resposta da MClara. Se ela quiser, vai escrever a opção dela aqui nos comentários.

Mas gostaria de aproveitar esse momento de piração e perguntar aos leitores:

- E você, se fosse nascer mulher, escolheria o quê? Garantiria o Empate? Ou arriscaria a Vitória?

John e Paul

Lennon e McCartney.

Foi a dupla eleita pelos leitores do blog como a mais fenomenal! Teve 8 votos!

Mas pertinho vieram Pelé e Garrincha, com 7!

Realmente difícil dizer qual dos dois 'duetos' é o melhor.

Me surpreendeu foi a votação nos dançarinos Fred Astaire e Gene Kelly. Tiveram 4 votos!

Muita gente aqui votou neles com nostalgia dos tempos de criança, quando dançar era uma das maiores das diversões possíveis!

Spielberg e George Lucas só 1 votinho.

Música, futebol e dança. Artes primárias, viscerais.

Cinema tem que pegar o número da senha. Vai pro fim da fila.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Garranchos

Pedi a conta e fui prontamente atendido.

Um dos itens, escrito à mão pelo garçom, estava quase ilegível.

Depois de muito esforço, compreendi o seguinte:

"Escondidinho com eco"

Pensei: - Caramba! Que estilo! Escondidinho com eco! Nunca havia consumido um prato com recursos sonoros! Me amarrei.

Claro que tentei ler uma segunda vez. Agora sim, entendi:

"Escondidinho carne seco"

Que pena. A primeira versão estava muito mais legal.

Se eu tivesse um restaurante, com certeza colocaria 'escondidinho com eco' no cardápio!

Intrigante, arrojado e nonsense.

Doce recorde


Tem um iogurte na minha geladeira batendo recorde mundial de permanência em lugares inóspitos e congelados.

E nada indica que ele esteja pensando em desistir!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Lentes para o nada

Câmera parada no programa de auditório.

Close na celebridade do momento.

O apresentador chama o seu nome. As lentes se demoram nela, ao vivo, durante uns 10, 15 segundos.

O que ela faz?

Sorri e manda um beijinho. Logo depois, pára e pisca um olho. Aí sorri. Aí balança a cabeça afirmativamente.

A câmera não sai dela. O cameraman também é meio limitado.

Ela faz a seguinte pose com as mãos: espalmadas pra baixo, unidas pelas pontas dos dedos, se tocam logo abaixo do queixo. Mais beijinho estalado! Mexe o narizinho. Volta a piscar um olho. E joga outro beijinho.

Tudo isso num plano-sequência interminável, sem cortes, para todo o Brasil. Caras e bocas sem conteúdo enquanto a música não pára de tocar ao fundo.

O que se passa na cabeça dessas pessoas? O que quer dizer aquela sequência de gestos?

1 - Sou idiota e não tenho o que dizer.

2- Sou a minha imagem e nada mais.

3- Prefiro fazer gracinhas e caretas e articular meia-dúzia de palavras.

4- Estou curtindo uma ego-trip e me acho muito linda. Meus beijinhos encantam.

5- Não tenho senso de ridículo.

6- Estou apenas devorando meus 15 segundos de fama, que podem nunca mais voltar.

7- Todas as respostas acima.
(Por favor, não abusem da alternativa 7. Obrigado)

Bichinho maquiavélico

Este simpático bichinho (como todos podem ver, menor que a palma da mão) fez 10 brasileiros se passarem por trouxas na Muralha da China.

Esta é uma das histórias que contei na série de 7 textos sobre minha viagem ao remotíssimo país.

Eles já estão publicados no site do Sidney Rezende.

Convido todos vocês! Visitem primeiro a editoria China e depois continuem no portal de notícias dele!
.
http://www.sidneyrezende.com/editoria/sonachina

E, por favor, deixem suas impressões!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Comprando pipoca

"Can I have some popcorn, please?"

Minha irmã tinha uns 7 anos e estava prestes a enfrentar a barreira do idioma pela primeira vez. Estávamos na Disney, em Orlando.

Ela queria arriscar pedir pipoca sozinha, sem a ajuda dos adultos. Para isso, fez um treininho rápido antes. Meu pai deu a ela uma nota de 5 dólares e passou o texto algumas vezes.

Ela repetiu a frase e se sentiu pronta. Bastava fazer aquela pergunta pro pipoqueiro que teria, em poucos instantes, se comunicado em inglês pela primeira vez na vida. Um grande feito pra ela.

A cena demorou poucos minutos, mas o suficiente para todos repararem. Estava bem engraçado. Se você acompanhasse com os olhos os integrantes da fila, um a um, perceberia a sequência de cabeças mais ou menos da mesma altura e, de repente, uma banguela.

Uma criança em terra de gigantes, segurando o dinheiro bem à vista de todos, sem a malícia dos adultos, que já aprenderam que o mundo não é lugar de muita inocência.

Chegou a vez dela. Caprichou na pergunta:

- Can I have some popcorn, please?
- Sure! Small or large?

O susto pela resposta inesperada quebrou-lhe o encanto. O gesto de coragem e maturidade foi, repentinamente, espatifado como cristal. Doeu como uma punhalada nas costas.

A criança caiu em prantos. Saiu chorando, correndo em nossa direção. Pensamos até que tinha acontecido algo grave. Sentiu que a vida podia trazer decepções. Não tinha condições, ainda, de dar aquele passo.
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Em poucas horas, ela vai percorrer, calmamente, um caminho tão estreito quanto aquela fila.

Como há 20 anos, nós, que a amamos, estaremos olhando, cercando-a de expectativas e torcendo para tudo dar certo.

A diferença é que, agora, Amanda é mulher.

Se preparou muito melhor do que naquela vez, quando ficou repetindo a pergunta "Can I have some popcorn please?"

Talvez tenha perdido o ar infantil, um pouco da inocência também. Mas não perdeu a ternura! É a mesma que possuía quando resolveu enfrentar aquele desafio nos Estados Unidos.

Em poucas horas, Amanda vai se casar.

Está pronta para andar por aquele corredor comprido, de vestido branco e flores nas mãos, sob os olhares de todos, rumo a um destino feliz.

A troca de alianças será muito mais do que a realização de um ardente desejo. Será a recompensa por anos de amor e espera. Será a celebração de duas pessoas especiais, que se conheceram há mais de uma década.

Apesar da complexidade que parece ter essa nova fase, que a Amanda saiba aproveitá-la de um jeito simples. Tão simples quanto saborear pipoca.

No branco ondulado do vestido e do milho tostado, a promessa de uma vida nova.

Antes, era muito pequena para tamanho desafio.

Agora, não se assusta com pouca coisa.

Amandinha, que orgulho! Você está pronta!

Sinta o gosto, salgado e doce, de toda a alegria do mundo!

Desta vez, entre nesta empreitada preparada!
Quando te perguntarem o tamanho da felicidade que procuras, responde:

- Eu quero "Large"!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Dupla Fenomenal

Duo.

Casal.

Parceria.

Dueto.

Par.

Dupla.

Quantas palavras há para designar essa idéia? Para representar dois seres que trabalham em conjunto?

Algumas duplas possuem uma força magnética tão grande que não é possível pensar em um elemento isolado do outro.

Outros pares são a soma de dois indivíduos geniais. A união deles produz um talento que não cabe em si próprio.

Existem ainda as duplas de sujeitos que, avulsos, não têm tanto brilho. Mas a química deles juntos fascina!

Pensando em alguns desses poderosos duetos, resolvi lançar outra enquete.

Qual dupla é a mais fenomenal?

Qual delas é mais exuberante para olhos e ouvidos? Qual delas deixou a humanidade mais boquiaberta?

Aviso: é muito difícil escolher.

Aí vão os concorrentes:

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Lennon/McCartney

Suas canções têm belas letras, mas, na verdade, nem precisavam ter. Centenas de nações que não sabem falar inglês se fascinaram pelas melodias de autoria deles. Eu diria, até, que os Beatles devem ter grande responsabilidade pelo sucesso do inglês como o idioma hegemônico do planeta.


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Pelé/ Garrincha
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Eles não sabiam que, para serem artistas, era preciso usar pincel e tinta, ou então saber compor e tocar instrumentos musicais. Como não conheciam este pré-requisito, acabaram inventando uma nova forma de arte, que tem como únicos instrumentos o corpo humano e uma esfera. Com os dois juntos em campo, a Seleção nunca perdeu um jogo sequer. Com os dois a todo vapor, o Brasileiro pôde sentir, pela primeira vez, em 58, o sabor de ser o melhor do mundo.

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Spielberg/George Lucas

Apague estes dois da história e não teríamos o cinema hollywoodiano como o conhecemos. Desta parceria, nasceu a série de filmes Indiana Jones. A mente criativa e a direção magistral de Spielberg aliados aos efeitos especiais da empresa de George Lucas foram responsáveis, ainda, por outros 'blockbusters': A Lista de Schindler, Forrest Gump e Jurassic Park.
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Gene Kelly/Fred Astaire

O corpo humano como melodia. Assim fizeram Astaire e Kelly quando popularizaram nos filmes a arte do sapateado e da dança. Tamanha era a integração de seus passos ao ritmo das canções que vê-los em ação era quase como ver a música, e não ouví-la.

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Quer participar? Quer votar?
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Clique em uma das opções nesta página mesmo, lá em cima, à direita!
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Qual é sua dupla preferida?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cuidado

2 de junho de 2009

Um dia difícil para fazer piadas em público.

Um dia impróprio para puxar outro assunto.

Um dia para ficar ligado na tv, rádio e internet, em busca de notícias do avião que sumiu.

Não é o caso de esquecer, como muitos pensam, as mazelas do nosso cotidiano.

Claro, muita gente morre de fome todo dia sim! Muita gente sofre com a injustiça social. Muita gente sucumbe, todos os dias, às doenças, à violência e à miséria.

Os assuntos não se excluem. Mobilizar-se com o avião da Air France que desapareceu sobre o oceano não significa que devemos ignorar todo o resto.

Mas hoje, sem dúvida, é dia de refletir.

De pensar nas inúmeras viagens que a maioria de nós, da classe média, já fizemos de avião.

De sofrer com a perda das outras famílias, que poderiam ser as nossas.

De conhecer, pela imprensa, a história de cada uma dessas pessoas que tomaram aquele avião. Pessoas, como nós, e não apenas números integrantes do total de 228 a bordo.

É dia de viver a dor de nossos amigos. Alguns, como eu, conhecem familiares de passageiros daquele vôo.

Hoje é dia de se indignar com o absurdo que é decolar para nunca mais pousar.

Um dia de consternação.

Mas não é, definitivamente, um dia para fazer galhofas.

Não é o cenário ideal para brincar com coisa séria.

Não é hora de se precipitar, não é a ocasião de ser impulsivo. De perder vários leitores para não perder a piada.

No mais importante jornal do Rio de Janeiro, hoje, havia uma charge inspirada pelo acidente.

Não tinha tom de homenagem. Os traços não revelavam pesar, abatimento, aflição, desalento.
Pelo contrário, o desenhista pareceu não ter a medida exata da tragédia.

Ao brincar com um aviãozinho prestes a se espatifar contra uma nuvem em forma de paredão, perdeu uma excelente oportunidade de manter os dedos calados.

Me surpreende, também, o editor responsável pelo jornal ter bancado a publicação.

O cartunista pode, até, ter sido mal-interpretado. Mas não era a ocasião de arriscar figuras ambíguas.

Hoje era dia de ter muito cuidado com as palavras. E com as imagens, que valem por milhares delas.