sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Não desisto nunca

Ouvi no rádio.

O cara tinha acabado de ser demitido da Embraer. Dizia-se pai de família, estava pessimista quanto a encontrar rapidamente um novo emprego. Mas terminou a entrevista dele com um bordão:

- Sou brasileiro e não desisto nunca!

Tomara que a frase de efeito sirva como estímulo para aquele cidadão.
Mas eu, que sou cético, tenho outra interpretação para a afirmação.

O governo Lula conseguiu, com sucesso, impregnar em muitos brasileiros essa sensação de que ser brasileiro é não desistir nunca!

A frase é ótima! Fica na cabeça!
É daquelas que parecem ter um imã que conecta a primeira parte à segunda. Feito que só os melhores slogans comerciais já conseguiram!


"Se é Bayer..." (é bom!)
"Tostines vende mais porque é fresquinho..." (ou é fresquinho porque vende mais?)
"Quem bebe grapete..." (repete!)
"Insetisan, é um pouco mais caro..." (mas é muito melhor!)

A tirada do Governo Federal é eficaz como as propagandas. Impossível dizer "Sou brasileiro..." sem pensar "não desisto nunca".

(É como o termo 'frio e calculista': Já viu um calculista que não é frio? Ou vice-versa?)

O que me preocupa é que um governo queira que o lema de seu povo seja o de não desisitir nunca.

O que ele realmente pretende com a frase? Pra mim, está claro: Criar um senso de acomodação, letargia, falta de atitude contra desmandos e corrupção. À imagem e semelhança do próprio Lula.

- Mensalão que leva milhões dos bolsos do contribuinte? Ah, não tem problema! Sou brasileiro e não desisto nunca!
- Violência nas grandes cidades? Ah, não desisto nunca!
- Deputado Federal construindo castelos nababescos! Bem, ele eu não sei, mas eu não desisto nunca!

Meu sonho são outros slogans:

"Sou brasileiro e não aceito hipocrisia de Presidente!"
"Sou brasileiro e exijo respeito dos políticos"
"Sou brasileiro e tô de olho em vocês, corja de vagabundos do Congresso!"

"Sou brasileiro e tô na ativa!!! Se liga, malandro!!!!"

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Valet tudo?

É assim que a banda toca:

Você decidiu ir de carro para aquele restaurante bacana.
Chegando lá, não tem vagas. Tudo lotado.

Nos poucos espaços vazios, há cones deixados por não sei quem.

Parar em cima da calçada não é uma solução, certo?
Além de impedir a passagem de cadeiras de rodas ou carrinhos de bebês, é um convite ao reboque.

O que fazer então?

Entregar a chave na mão do pomposo "valet parking". A quantia cobrada, no Rio, varia entre 8 e 10 reais, o quíntuplo do valor cobrado pelos Vaga-Certa da prefeitura. Um absurdo.

Mas o cúmulo não é o preço salgado. Pior ainda é descobrir, quando você sai do restaurante, que o manobrista estacionou seu carro exatamente NO LUGAR ONDE ESTAVA O CONE ou EM CIMA DA CALÇADA!!!!

Já perceberam este fenômeno???

Nós, cidadãos, não podemos nem pensar em tirar um cone do lugar, para não insultar o dono da rua!

Também não podemos parar em local indevido!

Por que o Valet Parking pode estacionar onde bem entende, sem ser incomodado pela polícia, cobrando preços extorsivos dos clientes???

Busco respostas! Podem ser enviadas para os comentários aí embaixo!

Cinzas

A quarta-feira é cinza
depois de tantas cores.

Do pó, surge o Carnaval
tem vida própria durante três dias
e ao pó retorna.
Nas cinzas da quarta-feira.

Carnaval.
Quantos poupam a inspiração
durante o ano inteiro
para explodir em folia no fim de fevereiro?

Quantos andam alinhados,
trabalham engravatados,
vivem enfezados,
para se transformar, em fantasias, no Carnaval?

O Blog não é de muita folia,
mas também tira esses três dias
para ser o que não é.

Neste tempo de alegria,
o Blog parou,
a inspiração secou,

Mas agora
que tudo acabou
sou o que sou.

A farra termina,
renascem as idéias,
das cinzas
da quarta-feira.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Jogo sujo? Ou apenas gelado?

6 milhões e 800 mil cópias.

Um número altíssimo de cds originais vendidos, nestes tempos em que baixar música pela internet é fácil, rápido, grátis (e ilegal, mas quem se importa?)

O disco "Viva la Vida" dos britânicos do Coldplay foi anunciado ontem como o mais vendido de 2008. Comercializado mesmo, com cópias físicas e digitais compradas pela internet. Aliás, o mais vendido de todos os tempos em "plataforma digital", como noticia O Globo de hoje.

Mas já faz quase um ano que o album da banda inglesa vive com uma sombra. A acusação de plágio do guitarrista novaiorquino Joe Satriani.

Joe afirma que o riff composto por ele em "If I could fly" foi copiado na canção mais famosa do disco do Coldplay, "Viva la vida". Está pedindo uma indenização milionária, mas a justiça ainda não decidiu em última instância.

Surfando na controvérsia, colei aqui um video do "iútchúbi" comparando as duas músicas. É rapidinho, tem 1:51. É só clicar. E aí?

É plágio ou não é plágio?




Pra mim, é batom na cueca. A sequência de acordes é igual. A mixagem das duas músicas não deixa dúvidas.

Mas o que me perturba nesta história não é o plágio em si. Não consigo acreditar que uma banda consagrada como o Coldplay tenha copiado de propósito o conhecido guitarrista.

As leis contra o plágio são super rígidas. Eles não podem ter achado que sairiam impunes.

Prefiro crer no plágio involuntário.
Neste mundo onde o bombardeio de informações audiovisuais é imenso, é possível que uma melodia fique no seu inconsciente. Quando ela floresce, acaba achando que você mesmo criou!

"Será que fui eu mesmo?", deveria ter se perguntado o líder Chris Martin quando acabou de "compor" a canção. Deveria ter desconfiado antes de transformar o hit no mais popular do ano, tocado nos MP3 de todas as partes do mundo.

Só para não perder a mania de fazer enquete, vou colocar mais uma lá em cima, à direita
(pra falar a verdade, eu gosto desse recurso do blogspot. Uso toda hora, hehehe).

E aí? o que você acha? Culpados, inocentes ou meio-culpados?

Teria sido um 'dirty play' do Coldplay?

Prestando serviço ao contribuinte

Para não ficar como os governantes que tanto criticamos, faço aqui a prestação de contas da última enquete realizada neste blog, uns 5 dias atrás.

Dos dez votantes, 4 disseram que PAGAR IMPOSTOS é o ato mais inútil do cidadão na atualidade.

As outras três opções receberam 2 votos cada: Fazer plano de telefone celular, trafegar na faixa certa da pista (e não no acostamento) e votar em político nas eleições.

Ou seja, o senso comum de que estamos sendo 'tungados' pelos governantes continua arraigado no nosso cotidiano.

Pena esta ser uma humilde prestação de contas aos leitores do blog.

Quem dera pudéssemos ver, com transparência, o que nossos políticos fazem com nosso $$.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Homenagem ao floco de neve

Foi na China que descobri o floco de neve.

Pensei que existissem poucas coisas a serem descobertas depois de 27 anos de idade.

Acreditei ser quase impossível se deparar com algo na natureza que, por mais incrível que fosse ao vivo, não tivesse ainda sido visto em foto ou filme.

Pois me surpreendi ao ver o floco de neve pela primeira vez.

Ele realmente parece uma estrela.

Pensei que aquela forma fosse um delírio de desenho animado. Um romantismo em forma de gravura, tal como o sol sorrindo ou a estrela de cinco pontas.

Mas os floco nevados parecem ter sido feitos pela mão humana.

Feitos, minúsculos, pelos ourives e artesãos de mais destreza e habilidade.

São equilibrados, homogeneamente moldados. Têm pontas que se dão ao luxo de possuir ainda mais ramificações.

Mas para não deixar dúvidas de que são verdadeiramente divinos,

eles caem do céu.

"Eurekas" do cotidiano

Quem inventou o copo,

com certeza, não morava sozinho!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Foto-verso

Sem ofensas, Van Gogh

mas a natureza descobriu as cores

antes dos pintores.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ao vivo e com a galera!


Eu gosto mesmo é de CD com música ao vivo!
É muito mais vida real!
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Gravação em estúdio é novela! O cara grava primeiro a guitarra, depois a bateria, depois o baixo, aí muda de idéia e grava a guitarra de novo, pra aperfeiçoar, e só por último grava a voz. Artificial, maquiado, "photoshopeado".
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Ao vivo não! Ao vivo é à vera! Errou o acorde, errou, já era!
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A equalização dos instrumentos não é a ideal, o cantor desafina, a platéia grita e abafa o som, a guitarra range mais suja.
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No palco, a música é sempre tocada mais rápida, pode reparar. Assim como um coração acelera quando bate a adrenalina.

O astro bate papo com a platéia, o público responde aos berros, o cantor dá risada e fala besteira, a galera aplaude mesmo assim.

Catarse, frenesi, estilo teatro grego!

Muito mais integração entre músicos, música e musicomaníacos.
É o único termômetro real para a banda medir a empatia com os fãs!

CD gravado no estúdio não! Este é todo trabalhado, com ênfase exagerada nos detalhes. Já viu quanto tempo um produtor leva para mixar um disco? Meses!

A música de verdade não se importa com detalhes, com minúcias. Música só vale como um todo.
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Música tem alma, às vezes penada! É como fantasmas de desenho animado, inteira, uma parte só, meio sem forma definida!
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Música não é como uma geladeira, onde as peças no lugar são essenciais para o bom funcionamento.

Música precisa de desordem, de improviso, de grito, de sentimento, de agudos e graves, de choro.
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O verdadeiro fã só celebra o ídolo se está espremido, suado, cantando sem voz, e olhando para o palco, mesmo que de longe! Não é no Ipod bonitinho, no ar-condicionado.

Por isso, se na mão esquerda um CD ao vivo e na mão direita um CD de estúdio, não tenha dúvidas:

-Canhota! Vou levar este!

Mandaram bem!

Olha que idéia maneira:

Tá rolando em BH, Curitiba, Porto Alegre e no Rio um outdoor da H2OH feito de garrafinhas plásticas da bebida.

Eu estava passando pela Barra da Tijuca e aquilo me fisgou a atenção. A palavra "RECICLE" é formada pelas garrafas, coladas lado a lado.

Quando a campanha começou, no início do mês, não havia nenhuma. O público via apenas um fundo verde com o Logo e a foto da bebida. Dia após dia, foram surgindo as garrafinhas formando a palavra; todas coletadas em programas de reciclagem de verdade.

Uma excelente sacada, um exemplo de forma que se transforma em conteúdo! Bela mensagem.

Curti!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Revoltas que o mundo dá

De vez em quando, me sinto meio revoltado com tudo.

Agora são 23h33. Este exato instante é um desses momentos.

Outro dia, vindo pra casa de noite, passando por uma rua escura, senti um solavanco, um barulho alto de pancada e o carro ficou chacoalhando, puxando para o lado esquerdo.

Diminuí a velocidade e cheguei em frente de casa, bem devagar. Já desconfiava que o pneu tinha furado.

Quem dera. O pneu rasgou, a calota pulou e a roda de metal amassou de uma forma irremediável. Tudo por causa de uma cratera numa rua sem qualquer iluminação.

E aí? O prefeito vai me ressarcir? Lógico que não! Para isso, eu teria que parar o carro à meia-noite, dar a sorte de estar com uma câmera fotográfica para registrar o momento e ainda chamar meia-dúzia de transeuntes da madrugada para servir de testemunhas. Fácil, não?

Ainda assim, duvido que eu ganhasse a causa. Resultado: menos 500 reais na minha conta bancária (pneu novo + roda nova + alinhamento + balanceamento + cambagem).

Mas confesso, saí da mecânica me sentindo estúpido. Pra que alinhar, balancear, acertar, equilibrar, "cambar" se as ruas do Rio são TODAS ESBURACADAS?

Por quanto tempo meu carro vai continuar andando em linha reta se eu soltar o volante?

(Desconfio que o dinheiro do contribuinte, em vez de servir para a manutenção das vias, serve de pagamento para um sujeito que anda com uma britadeira pela cidade inteira furando o asfalto).

E esse pingo de revolta fez explodir todas as minhas indignações. (Algumas delas são aquelas insatisfações-clichê, eu sei. Mas fazer o quê? Ira não tem preconceito!)

- Pra que pago meus impostos e pedágios?

- Pra que ligo para a TIM para combinar um plano de celular, se a promoção na qual me enquadro dura apenas 3 meses? (Fico muito p... De um dia pro outro, a conta pula de 100 para 250 reais!)

- Por que ando na faixa certa da pista, se os espertos de verdade seguem livres pelo acostamento?

- Por que voto nas eleições? (Odeio esse discurso de generalizar a falta de ética dos políticos, mas como hoje não estou me censurando, a questão permanece)
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Por isso tudo, está lançada, ali em cima, a enquete para o "Cidadão frustrado".

O que é mais inútil entre as perguntas propostas acima?

Como todo político canastrão, peço seu voto. É só clicar ali em cima, à direita.

Pelo menos, não farei mau uso do seu dinheiro.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Celular? Sou mais o meu

Por que comprar um celular novo?

Modelo recente, cheio de funções, brilhando, tinindo?

Por quê? Se celular foi feito para cair no chão??

E, de preferência, de uma altura, pelo menos, acima da cintura?

Em dois anos, o meu já deve ter caído, sem exagero, umas 60 vezes.

Às vezes, a antena é a primeira a chegar no solo. Às vezes, é visor contra o chão. Quase sempre quica de antena, de frente, de trás, e vai quicando até parar.

Quantas vezes, com pressa, vou pegar a minha carteira, minhas chaves, meu celular, a mochila e um saco plástico qualquer?
E, claro, o celular é o que tem menos 'grip'. Arredondado, assimétrico, não dialoga legal com a "pegada" da mão.

Claro que a cena seguinte é um indivíduo com cara de assustado, desesperado, cheio de objetos pendurados feito árvore de natal, e um telefone celular que acabou de lhe escapar do controle, flutuando, dando voltas no ar, rendido à gravidade, instantes antes do choque que provocará mais uma rachadura.
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A culpa é minha? Claro que não! A culpa é da pós-modernidade, que ensinou o ser humano a inventar necessidades. Hoje em dia, não vivemos sem microondas, celular, computador, internet.

Não se sai na rua sem a carteira, grana, cartões, identidade, documento do carro, e um molho de chaves só visto igual nos castelos da Idade Média: chave de casa, outra chave de casa, chave do carro, chave do cadeado, chave do armário no trabalho... e celular!

Darwin, do alto de sua divindade, poderia dar uma acelerada na evolução natural e nos fazer brotar oito braços, como um octopus... Aí sim, eu teria condições de sair de casa carregando todos os meus pertences, incluindo meu telefone móvel.

Mas enquanto isso não ocorre, continuo com meu celular velho de guerra! Brigador, destemido, cheio de cicatrizes e companheiro! Nunca me deixou na mão.
Agora, desafio alguém a fazer um I-Phone sobreviver a um mergulho legal no concreto!

Foto-verso

Inspiração

inspira-se ar

exala-se entusiasmo

poesia, realização.


Mas exausto,

pós-domingo e segunda
'
de trabalho sem trégua,



Inspiração,

inspira-se oxigênio

sai gás carbônico.


As letras são duras,

as idéias são secas,

a foto é só uma imagem.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Pureza

Eu fico com a pureza da resposta das crianças.

É a vida. É bonita e é bonita.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pessoa sob o trem

AVISO AO PÚBLICO
12 de julho de 2008
15h10

"A linha Central só está indo até a estação Holborn por causa de uma pessoa sob o trem na estação Queensway"
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Simples assim. Direto ao ponto.

Sem meias-palavras, o metrô de Londres informou ao público o motivo da interrupção de uma de suas linhas.

Eu estava lá e tirei esta foto aí em cima. Não estou acostumado a tamanha honestidade.

Em geral, frente a grandes tragédias, os órgãos públicos preferem omitir a verdade, dizer que "houve um problema" ou que "não estamos autorizados a falar sobre o ocorrido".

Mas lá estávamos nós, diante da sinceridade nua e terrível escrita a pilot preto na lousa branca. Alguém havia, de fato, se suicidado na estação de metrô. Precisei registrar o momento para acreditar. Ou para, pelo menos, ter credibilidade mais tarde quando fosse contar a história.

Aquele assunto me angustiou muito. Ler o aviso não foi suficiente. Quando chegamos à fatídica estação (coincidentemente, a mesma onde pegávamos o metrô todos os dias), quis saber mais sobre o acontecido. Perguntei à funcionária do metrô, e mais uma vez, me choquei com a sinceridade dela.

Foi um relato emocionante. Ela estava profunamente abalada:

"Quando cheguei pra trabalhar, tinha acabado de acontecer. O funcionário do turno anterior acalmou as pessoas que estavam na estação, enquanto a equipe médica e bombeiros retiravam o corpo do trilho. Foi horrível. O clima na estação estava péssimo. Ao sentir a morte de perto, pensei nas minhas filhas."

- Mas esse incidente é comum no metrô de Londres?

"Infelizmente, é muito comum. Londres é uma cidade imensa e tem muita gente triste. E o metrô atrai muita gente que quer pôr fim à própria vida. Acho que são pessoas que querem atenção e, por isso, fazem isso na frente das outras. É muito simbólico. Inclusive, há uma estação onde isso acontece com mais frequência. Chama-se Mile End (algo como o Fim da Linha).

- Mas como isso acontece?

"O sujeito espera o trem chegar e simplesmente pula. O pior é para os condutores dos trens. No caso de hoje, ele viu que o homem ia se jogar e não pôde fazer nada; não dá tempo de frear. A cada suicídio, os condutores ficam de licença. Ficam traumatizados e têm acompanhamento psicológico. Tem gente que nunca mais volta a trabalhar".

- Há registro em câmera? Vocês sabem quem era a pessoa?

"Ah sim, aqui no metrô, tudo é filmado. O suicida era jovem, do leste-europeu. Com tantas câmeras e máquinas, o prefeito de Londres quer, inclusive, demitir todos os funcionários. Quer automatizar tudo! Quanta gente ia perder o emprego! Mas o que ele não entende é que, em casos como este, somos fundamentais para acalmar todo mundo."

Terminei a conversa elogiando muito o comportamento e a atenção de todos os funcionários, em especial o dela. A nós, turistas, carinho e paciência são fundamentais. Prometi a ela escrever para o prefeito para protestar contra a automatização. Promessa que nunca cumpri.
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Minha cabeça saiu de lá como um turbilhão. E continua até hoje toda vez que penso nessa história.

Primeiro, me chamou a atenção como esse tema tabu foi tratado em "pratos limpos" por todos os envolvidos. Se o incidente tivesse acontecido nos EUA, os funcionários agiriam como robôs, com a peculiar falta de jogo-de-cintura. Nunca teriam uma conversa franca a respeito.

Mas a funcionária daquele metrô, negra, com trancinhas e piercings na cartilagem dura da orelha, preferiu ser autêntica.
Autêntica como sua aparência firme. Autêntica como um ser humano que tem opinião e sentimentos. Não se escondeu atrás do uniforme. Não atuou como uma peça fria da engrenagem. Viva a Inglaterra!

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Não à automatização do metrô de Londres!

Senhor Boris Johnson, prefeito de Londres, basta de máquinas organizando nosso dia-a-dia!

Basta de humanos-máquina que perdem a capacidade de sofrer.

Diferente de máquinas, seres humanos têm sentimentos. Às vezes ruins, que fazem alguns deles darem fim à própria vida.

Diferente de máquinas, seres humanos têm sentimentos; carinho e consideração com o próximo, que precisa de ajuda frente a uma grande tragédia.

Precisamos de mais gente. Gente de verdade, que pensa e que sente.

Senhor Johnson, fiquei te devendo aquele email, como prometi à funcionária.

Mas, um dia, hei de traduzir este desabafo para o inglês e te convidar para o blog!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Foto-verso (INTERATIVO!)

Este post é comemorativo!!! É o centésimo post!!! Número 100!!! É o blog centenário!!! Hehehe

E por isso, convido vocês a participar comigo deste Foto-verso!

É simples! Escrevam versos para a foto vocês também! Proibições começando com a letra "E" para nossos deputados e senadores!

É só colocar no comentário! E eu publico no post!

É fácil e divertido!!!

Obrigado a todos os leitores!! Grande abraço!!!
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Proibido

Espoliar o dinheiro público!

Escalpelar a ética!

Explodir a decência!

Excretar mentiras deslavadas!

Evadir divisas!

Eleger Sarney para presidência do Senado

E Temer para a Câmara!

Esquecer o passado do Collor, Quércia e Renan!

Errar, envergonhar, enganar...

E ainda esperar respeito!

Estuprar a nossa paciência!

Eleger políticos corruptos!

Esfregar tudo na nossa cara!

E escapar impune!

Foto-verso

Que meigo,

descobri que há emas

flanando no gramado do Palácio da Alvorada

exibidas, orgulhosas.



Deve ser porque o avestruz

mora dentro da mansão.

Deveria enfiar a cabeça na terra

de vergonha
.
do mensalão.

Inerte

Parado. Estático.

De carabina em riste, apoiada no ombro.
Roupas militares, mangas longas.

Olhar parado, fixo.

Seria melhor se fosse uma estátua. Mas era um ser humano.
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Eu sempre quis saber: Por que os soldados em guarda não podem se mexer?

Claro, tem a ver com a disciplina militar. Um soldado inerte, que não responde a estímulos externos, mostra força e controle. Estar parado enquanto o planeta gira mostra que, ao contrário dos demais cidadãos, aquele sujeito não responde às ordens do mundo. Aquele soldado só recebe ordens de superiores militares!

Calor? Incômodo? Coceira? Ah, isso é coisa da reles gentalha. Um guarda em serviço jamais sucumbe a esses pormenores.

Os soldadinhos vermelhos de chapéu preto de Londres protegem a Rainha.
O cabo brasileiro em frente ao Palácio da Alvorada vigia o presidente.

Ambos congelados, tristes, feito coisas.

Que pena. Uma das tradições das Forças Armadas é viver do discurso e não da verdade. É acreditar ser uma máquina de guerra quando, na verdade, o que existe é um menino com medo.

É vociferar coragem e disciplina, é se afirmar na masculinidade de um rifle. Mas os defeitos mais comuns da raça humana estão lá, escondidos, na camuflagem dos uniformes.

É fazer alguém acreditar que ficar parado, estático, durante horas é símbolo de poder e vigília, e não a maior das agressões que se pode fazer a um corpo de gente.

Organismo vivo que fica imóvel não é humano. É árvore. O homem foi feito para mexer.

Firme, estático, o soldadinho paralisado é o símbolo da disciplina militar que leva nas vestes: enquanto o mundo muda, evolui e involui, ele fica estagnado, amarrado, estancado.

De vez em quando, ele varia um pouco. Marcha. 10 passos à direita, roda, 10 passos à esquerda, uma voltinha, estático novamente.

Ritual tão cruel quanto ficar parado.

O que deve contar aos entes queridos quando chega em casa? "Amor, hoje fiz minha rotina 200 vezes, e fiquei sem mexer durante 3 horas".
Por tudo isso, vejo uma ponta de razão no soldadinho que agrediu um turista equatoriano em Londres. Razão não! Na verdade, vejo emoção. A emoção aflorando, espontânea, ao menos uma única vez.

O video deu voltas no mundo pela internet. E está aí embaixo, é só dar play. Claro que o guardinha agiu errado. Mas eu estou do lado dele.

Deixe explodir essa raiva, saia da rotina, deixe de lado os passos calculados, improvise!

Rasgue essa roupa vermelha, jogue fora esse chapéu! E aprenda de uma vez que disciplina e competência não precisam ser escravas da ignorância e do atraso!


De volta do DF

Mais uma cidade para a lista.
Agora sim, posso dizer que conheço a capital do país.

Do cockpit até a cauda, passeei pelo Eixo Monumental.

Da Asa Norte à Asa Sul, senti de perto como é a tal cidade construída na forma de um avião.

Ficamos hospedados na casa do jovem casal de diplomatas mais culto da capital. Foi muito bom rever meu amigo, os dias voaram com a rapidez de quem está feliz demais para prestar atenção no tempo.

Mas realmente, morar no Distrito Federal não faria muito a minha cabeça não.

A cidade é, de fato, previsível demais.

Ela não te deixa esquecer nem mesmo o nome de uma rua. Aqui no Rio, sempre me pergunto: "Qual é a rua que fica entre a Garcia D´Ávila e a Joana Angélica mesmo?"

Lá é impossível. A rua entre a Q2 R3 e a Q2 R5 será sempre a Q2 R4! (ou algo assim).

Há muitas retas e ângulos retos. Muitas formas geométricas, feitas por máquinas e não moldadas pelos mares e montanhas da natureza.

Até o lago Paranoá foi esculpido pela mão do homem.

As ruas não foram feitas pra andar. Quase não se veem seres humanos nas suas formas normais, caminhando, convivendo. Não se veem corpos, pernas e braços fazendo parte da paisagem.

As pessoas estão sempre dentro de carros e ônibus, travestidos de máquinas, talvez para se integrar mais suavemente ao cenário do planejamento urbano.

No entanto, eu me senti mais musical na cidade-berço do Legião Urbana e dos Paralamas do Sucesso. O violão lá tem mais graça do que no Rio.

Aquelas linhas retas, quadrados e quadrantes imploram por uma dose de imprevisível.

Aquele espaço urbano não respiraria sem a poesia e a melodia das curvas do Niemeyer. Sem a inspiração e o som do Renato Russo. É questão de sobrevivência.

O planejado precisa do espontâneo para viver, senão torna-se insuportável.

E, por favor, leitores de Brasília. Levem em conta que este relato é um estranhamento de um forasteiro, sem autoridade alguma para dar pitaco na cidade dos outros.

Quem sabe, se eu morasse na capital, descobriria também algum encanto particular?
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PS: Velho Niemeyer! Me enganou durante 28 anos, precisamente até a última quinta-feira à noite! Me deixou acreditar que as metades de esferas do Congresso Nacional, uma virada pra cima e a outra pra baixo, eram tão simétricas quanto o resto da cidade! Me iludiu, me fez crer, pelas fotos, que elas tinham o mesmo tamanho.

Pois precisei ver de perto para descobrir que a meia-bola do Senado, virada pra baixo, é bem menor do que a da Câmara dos deputados.

E você, sabia disso?

Eu lavo minhas mãos

Duas folhas de papel são suficientes para secar as mãos.

Hmm... será que tem algo errado comigo?

Toda vez que tentei usar apenas dois papéis-toalha tive que passar as mãos na calça jeans para terminar de secá-las.

Por que o marketing sempre prefere "inventar uma verdade" pra te convencer? Não bastaria ser sincero?
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Duas folhas de papel NÃO são suficientes para secar as mãos! Mas, na boa, tenha consciência e não desperdice!

O efeito de não dizer a verdade é o contrário do que se pretende. A primeira vez que percebi que duas folhas de papel NEM DE PERTO secam minhas mãos, fiquei p... da vida com a fábrica das folhinhas.

Puxei umas quatro ou cinco, com força, exclamando: "Duas folhas é? Tá me achando com cara de otário?"

Juro que tentei colaborar. Até usaria sempre um par de papeizinhos se o fabricante fosse mais honesto. Como preferiram ludibriar o cliente... lavo minhas mãos.