quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Os Substitutos

Na falta de algo bom pra contar ou comentar, vou falar de um filme que eu vi.

Os Substitutos, com Bruce Willis.

Sabe aquele jogo Second Life? Você cria um bonequinho, escolhe a idade, a aparência e as características dele e sai jogando, interagindo com outros bonequinhos mundo afora, controlados por outros internautas?

O filme fala exatamente desse jogo...

mas passado na "vida real".

Imagina só.

Uma época, (nada distante da atual), em que "internautas" possuem personal-andróides.

O cara fica em casa, em frente a um computador, e dá os comandos a um ciborg que vive a vida de um cidadão comum.

O usuário pode ser um gordinho barbudo de 30 anos, mas seu andróide pessoal pode ser uma jovem bonita de 18 anos, curtindo todas na noitada.

Uma ficção científica (assustadoramente familiar aos cidadãos do século XXI), em que marido e mulher não interagem mais no téte-à-téte, mas apenas pelos seus robôs.

História superverossímel.

Um Bruce Willis de cavanhaque (já abatido pela calvície e castigado pelas rugas) controla, da sua poltrona, um ciborg feito à sua imagem e semelhança... com a pele mais lisinha e um vasto cabelo loiro bem cafona, daqueles que exageram no visual porque têm dificuldae de lidar com a idade já avançada.

Ele é um policial que, subitamente, se vê envolvido na história principal do filme (não vou contar).

O interessante é a forma como os tais bonecos, na trama, são vendidos aos consumidores.

Além dos benefícios de poder adotar a estética que bem quiser, os robôs reduzem drasticamente as taxas de acidentes, roubos e assassinatos. Claro, caso o seu andróide seja atropelado, você estará são e salvo em casa. Basta comprar um novo e colocá-lo nas ruas novamente.

E nem adianta dizer "Ah, mas ninguém toparia isso na vida real! Quem aceitaria viver a vida através de um robô?"

Os internautas dos dias de hoje são a melhor resposta.

Muitos preferem existir no Second life a viver a vida de carne e osso.

Para muitos, a vida real é mais sofrida que a idealizada, virtual. É ou não é?

E ainda tem aqueles twitteiros frenéticos. Quem não tem um amigo próximo que não consegue mais viver em sociedade?

Basta sentar numa mesa de bar, ou na praia, ou em qualquer canto, que abrem mão da companhia e da conversa dos camaradas para ficar mandando frases para o Twitter, do tipo:

"Estou reunido com amigos no barzinho. Faz muito tempo que não os vejo, estou curtindo muito!"

Está mesmo? Esses viciados nas mensagens curtinhas parecem não se interessar em mais nada a não ser essa idiota e vazia sensação de se comunicar com todo mundo e com ninguém ao mesmo tempo.

Os Substitutos.

Um filminho bacana. Vale a pena ver.

Ver e pensar.

Pensar em como, sem perceber, deixamos nossas vidas serem drenadas pela experiências tecnológicas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Fora do ar


Desculpem o transtorno.


A programação do Blog 'De vez em quando' continua fora do ar.


Dentro de alguns instantes, vamos restabelecer o sinal.


Obrigado pela paciência.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Inspiração

Resseca

a pele, o nariz, a folha de outono.


A inspiração,

às vezes,

também resseca.


A inspiração

fica com aquele aspecto sem cor, farelento,

como se, de lá, nunca tivesse saído nada.


Como se aquela inspiração,

útero, mãe das idéias mais loucas,

nunca tivesse gerado vida.


A inspiração,

árida,

não presta.


Inspiração,

literalmente,

significa ingerir ar.

Só.

É pobre.

Busco a velha inspiração,

cheia de sentido e explosão,

cheia de luz e movimento.


Inspiração revigorada,

quente e pulsante.

.
Por ora, nada brota.

Por ora.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Óbvio ululante

- Me explica esse mapa de Paraty?
- Ah, claro, senhor. Olha. Aqui é a ponte que leva ao Centro Histórico.
- Ponte? Só pra pedestres?
- Isso.
- Ahm. E onde fica o restaurante Margarida Café?
- Ah, senhor, ele fica aqui onde está a letra G no mapa.
- Letra G né?
- Isso.
- Ahm bem. Tem outro lugar que eu queria ir. Me falaram de um restaurante chamado Merlin o Mago...
- Olha, o Merlin fica aqui mais pra direita, aqui onde está a letra H.
- Aqui né?
- Isso.
- Então se eu pegar a ponte e andar reto, chego lá sem problemas né?
- Isso.
- Posso ir a pé? É pertinho?
- Isso, senhor. A pé dá uns 5 minutos. Mas se o senhor quiser, a pousada pode chamar um táxi ao custo de R$15,00.

((Atenção: Clímax da conversa se aproxima))

- Nossa! Aqui diz que Paraty tem aeroporto! Paraty tem aeroporto?
- Bem, é...
- Sério? Eu não sabia? É aeroporto mesmo, pra valer?
- Não, na verdade é mais pra pousos... e decolagens.
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Emergência!!!! O dia em que descobrirem um aeroporto para outros fins, pelamordedeus, me avisem!!!!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Verídica #3

Eu estava atrasado para uma festa de formatura.

Eu morava no alto de uma ladeira de paralelepípedos.

Estava começando a chover.

Eu estava com pressa.

Todos esses fatores combinados resultaram numa das histórias mais incríveis da minha vida.
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Peguei o carro e saí da garagem.

A roupa amarrotada de quem se vestiu rápido demais. O paletó no banco do carona.

Fiz a primeira curva e avistei um carro subindo na direção contrária.

Estava longe, mas não o bastante.

Tentei frear, mas a chuva fina fez o carro deslizar.

Não pude evitar a pancada.

O motorista saiu do carro dele, com toda razão, muito p... da vida.

- O que você fez??
- Desculpa, a culpa é toda minha.
- Não acredito. Não acredito!
- Desculpa mesmo! Eu tentei frear mas não consegui.
- Você assustou meu filho. Olha só. Ele é pequeno. Tá chorando!
- Amigo, me desculpa mesmo. Não tenho o que dizer.
.
Estava visivelmente irritado, falando duro comigo. Mas não me destratou em nenhum momento. A mulher dele saiu do carro com o filho no colo.

- Amor, vai indo lá vai. Vai a pé mesmo, sobe a rua só um pouquinho. Vou ficar aqui resolvendo isso.
- Amigo, me desculpa mesmo. Eu tava indo para uma formatura, o piso está escorregadio. Eu não percebi. Foi mal mesmo.
- É. Vamos ter que chamar a polícia para fazer um boletim de ocorrência.
- Sem problema. Pode ligar. Eu assumo toda a responsabilidade.

Alguns minutos passaram. O cara ligou pra polícia, relatou o acidente, pediu que eles subissem a rua. Ficou alguns instantes em silêncio, olhando para o amassado no próprio carro.

- Você tem seguro?
- Tenho sim. Vou assumir todos os custos. Deixa comigo.
- Você tem carteira de motorista, menino?
- Tenho, claro.
- Tem mesmo?
- Tenho.
- Deixa eu ver.

Ele olhou o documento por alguns segundos. Percebi que ficou um pouco nervoso.

- Esse seu sobrenome aqui. Você conhece alguém com esse sobrenome?
- É claro, é meu sobrenome. Minha família toda tem esse nome.
- Você conhece algum Beto?
- Beto? Claro. É meu pai.
- Glup.

De toda a frota de milhões de carros do Rio de Janeiro, de todas as ruas possíveis, de todas as horas possíveis, Deus quis que eu batesse o carro justamente no subordinado do meu pai.

- O seu pai... ele... ele é meu chefe!
- Não acredito! Que coincidência!
- Acabamos de chegar de viagem juntos. Viajamos a trabalho... Ele chegou há poucos dias de Los Angeles não é?
- É, isso mesmo!
- Não é possível. Ah, se eu soubesse, a gente nem tinha chamado a polícia. Tinha resolvido tudo aqui mesmo.
- Não, não se preocupa. Vamos seguir os procedimentos da seguradora como faríamos desde o início. Fica tranquilo.
- Olha, desculpa qualquer coisa. Eu fiquei muito nervoso! O meu filho estava no carro.
- Claro, claro. Eu que peço desculpa. A culpa foi toda minha. Pede desculpa pra sua mulher por mim, por favor.

Ele se afastou um pouco e pegou o telefone celular.
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- Alô, amor? Sabe o menino que bateu na gente? Pois é... filho do Beto.

Só Deus sabe que palavrão a esposa dele usou do outro lado.

Verídica #2

Um jogo de baseball pode demorar muitas horas.

4, até 5.

Não há limite de tempo.

Basta terminar empatado que os times jogam até haver um vencedor.

O ritmo é bem lento. O jogo pára toda hora, troca-se os jogadores.

A bola passa mais tempo parada do que em jogo.

Ainda assim, há fãs no mundo inteiro.

Eu mesmo gosto do esporte.

Mas admito que a maioria acha um tédio.

Chato. Nada acontece. Demora muito para engrenar.

Às vezes, é enfadonho até o fim.

Como este post. Chato e paradão.

Até que uma moça resolve mandar um email para o canal de televisão...
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- Amor, vem dormir!
- Ah, mas eu tô vendo baseball.
- Ainda?
- É.
- Mas são quase duas da manhã!
- Mas é assim mesmo, Cynthia!
- Caramba, como demora.

O marido na sala. A mulher no quarto.

Ele não desgrudava da TV.

Ela resolveu ligar o computador. Navegar na internet.

Teve uma grande idéia.

Mas era pra ser apenas um desabafo.

Não contava com o que ia acontecer...
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- Bom, já vamos chegando ao fim do jogo, mas a partida continua empatada!

- É verdade, mas agora vai entrar o número 23 do New York Yankees. Ele rebate muito forte e pode decidir a parada.

- É isso aí! São as emoções do baseball, e você só vê aqui, no canal de esportes por assinatura! Obrigado ao telespectador que nos acompanha até essa hora.

- Teo, chegou um email aqui na redação muito curioso. Olha só: A Cynthia, do Rio de Janeiro, faz uma pergunta inusitada: - Que horas vai acabar esse baseball pra vocês liberarem meu marido???

- Hahahahah! É Cynthia, obrigado pelo email. A essa hora, minha mulher já está dormindo em casa...

O marido Fernando não acreditou.

Ficou estático.
.
Se Cynthia queria chamar a atenção dele durante o jogo, conseguiu.

Verídica #1

O camarada chega de noite.

O corredor faz eco. Só se ouvem os passos e o tilintar das chaves.

Usa uniforme. É responsável por fazer a coleta.

Pára em frente à máquina de refrigerantes. Perde um tempo procurando a chave correta.

Encontra. Mete na fenda. Surpresa.

Percebe que várias latinhas foram consumidas.

Mas no lugar do dinheiro, não há nada.

Só uma poça d'água.
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Jornalistas reunidos para a cobertura de um grande evento podem ter idéias fantásticas.

Pena que, algumas vezes, não são grandes sacadas de pauta ou de boas reportagens.

Essa história aconteceu na Alemanha, na Copa do Mundo de 74.

No hotel, perto dos quartos, havia duas máquinas: uma de bebidas e outra de pacotinhos de biscoitos.

Um brasileiro teve a idéia.

Chamou os amigos.

Pegou uma moeda local. Fez um molde perfeito num pedaço de pão, bem consistente.

Encheu o buraco com água e pôs no congelador.

Meia-hora depois, estava pronta:

Moeda de gelo.
.
Réplica perfeita da original.

Não confeccionou uma só não. Fez várias.

- Abre a porta! Deixa eu passar que vai derreter.
- Corre, corre!
.
Pôs a moeda máquina adentro. Pôs outra. Quis uma Coca-cola. E conseguiu!

Estava descoberta a mina de ouro.

O lanche de graça dos brasileiros durou apenas alguns dias.

Ao fim de uma semana, interditaram as máquinas.

Talvez os alemães não tenham desvendado, até hoje, o mistério do sumiço da comida e do surgimento daquela poça.
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Como as pessoas usam a mente pro mal, não é?

Mas eu tiro o chapéu. Foi uma sacada genial.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ginástica matinal

Parabéns. O Rio de Janeiro será sede das Olimpíadas de 2016.

Eu já posso me inscrever em uma das modalidades:

Heptatlo matinal contra o relógio.

Consiste em conseguir sair do carro e caminhar até a porta de entrada do trabalho carregando, sem deixar cair, todos os pertences (cerca de 7).

Aí vai a lista dos itens que, dia após dia, preciso levar comigo (entre objetos e alimentos do desjejum):

- Chaveiro com chave do carro
- Telefone celular
- Rádio Nextel
- Carteira de dinheiro
- Jornal O Globo
- Toddynho
- Casca de banana (devorada no carro)
- Mochila

Dificulta, e muito, o fato de cada objeto ter um destino diferente.

A casca de banana vai para a lata de lixo mais próxima.
As chaves vão pra dentro da mochila.
Celular, Nextel e carteira vão para o bolso da calça.
Toddynho vai na mão mesmo.
Jornal O Globo vai na mão (e ainda há a atração irresistível de já ir lendo alguma manchete no caminho).
Mochila vai nas costas, mas precisa ser acessada durante o percurso, pois o crachá está dentro dela.
Adicione, por favor, um ingrediente importantíssimo: a pressa!
Como controlar tantos objetos?

O certo seria parar um pouco, encostar a mochila no carro e resolver, pacientemente, todo o jogo de encaixe, tira e bota.

Mas não esqueçamos que é uma prova olímpica. Velocidade é uma virtude (e a falta de paciência a maior das responsáveis pela bagunça).

E quem disse que, sempre atrasado, me permito 30 segundos para organizar os objetos e seguir viagem mais tranquilo?

Manhã após manhã, quem passa pelo Jardim Botânico pode ver a cena de um cidadão mal-humorado caminhando com dificuldade, equilibrando objetos de diferentes formatos e texturas entre os dedos, se esforçando para não deixar nada escapar.

Não há nada mais irritante do que um celular se espatifando no chão às 7h da manhã, exatamente quando você está impossibilitado de usar seus reflexos para um resgate em pleno ar, com as mãos ocupadas demais para desfilar os instintos ninja.

O primeiro obstáculo da gincana é sair do carro todo carregado e conseguir bater a porta.

Por razões óbvias, o glúteo e o movimento de cintura são responsáveis por realizar esta tarefa.

O desafio seguinte é apertar o botãozinho do alarme, no chaveiro, para trancar o carro.
Acredite, amigo, há certos momentos na vida em que nada é mais difícil do que fazer o polegar acertar um alvo.

O que segue, agora, é o relato do que ocorreu hoje de manhã:

Abri o zíper da mochila para colocar o chaveiro.

Na hora de acionar o alarme do carro, deixei cair a casca de banana.
Abaixei para pegá-la. No que agachei, um lápis escapoliu zíper afora.

Peguei a casca, o lápis e consegui deixar o chaveiro dentro da mochila.

Me distanciei uns vinte metros do carro e... putz! Ainda estou de óculos escuros!

Botá-lo na mochila, sem a devida proteção, arranharia a lente.

Voltei pro carro.

No caminho, um colega de trabalho passou por mim:

- Esqueceu tudo, é? Hihihihi...

Uma risada eqüina que nada contribuiu para meu bom humor.

Tudo outra vez.

Abri a mochila, peguei o chaveiro, destranquei o carro.

Óculos na caixinha, caixinha dentro do carro, porta fechada de novo.

Pude seguir meu destino.

Celular, Nextel e carteira nas mãos.

Em movimento, acertar o bolso da própria calça é uma tarefa para a qual ainda não tenho o devido treinamento.

Cheguei na catraca.

Semblante desanimado. Eu tinha esquecido. É hora de dar um jeito de pegar o crachá...
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Por enquanto, sou um mero cidadão atolado. A vontade que tenho é de zunir todos os objetos longe.
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Até 2016, prometo. Estarei tinindo, buscando medalhas para o Brasil.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O homem mais rápido do mundo

O homem mais rápido do mundo.

Tão confiante. Tão sorridente.

Na apresentação, todos estão tensos. Menos ele.

A câmera aponta na sua direção. Ele faz careta, mostra a língua, faz gesto de arco e flecha com os braços.

Parece aqueles papagaios de pirata que ficam no centro da cidade procurando o link ao vivo do RJTV. No ligar da câmera, fazem de tudo para aparecer.

Ou aquela mulata na Marquês de Sapucaí que já dá sinais de cansaço. Pé ante pé, arrastando no chão, mostra que precisa mais de uns goles de ar do que de continuar rebolando. Basta o cinegrafista apontar as lentes que ela volta a todo vapor, sorrindo e sambando.

O homem mais rápido do mundo aproveita.

Lambe os beiços.

Saboreia aqueles breves instantes, aquelas breves imagens no telão do estádio a nas tevês de todo o mundo, enquanto o público e os telespectadores se matam de dar risada.

- Como pode um homem debochar tanto dos outros competidores? Como pode ser tão superior e tão bonachão?

Passadas as risadas, hora de largar.

Preparar, apontar e... tiro para o alto!

O homem mais rápido do mundo leva 9s58 para correr 100 metros.

Abre os braços, relaxa os músculos do rosto, cruza a linha muito antes dos demais, esbaforidos, correndo no limite de suas forças.

Mais câmeras. Mais focos. Mais caretas do atleta mais veloz da humanidade.

Uns sorrisos mais, muitos aplausos, um pódio.

A medalha de ouro, um último aceno.

E aí, a escuridão.
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Por que Usain Bolt brinca tanto com a câmera?

Por que faz tanta careta? Por que é tão irreverente?

O Jamaicano explode de paixão, transborda de carisma porque quer viver, na plenitude, todo o reconhecimento que merece.

E sabe quanto tempo dura esse reconhecimento, essa celebração? Pouco mais de dez segundos...

Bolt é um paradoxo.

É o homem mais rápido que já existiu, mas implacavelmente, sua fama dura o mesmo piscar de olhos de sua façanha.

Que frustrante deve ser.

Acordar cedo, dormir cedo, ter alimentação ultrarregular, tomar cuidado com o doping, abdicar de uma vida normal.

Treinar, treinar muito, treinar todos os dias.

Após uma vida de sacrifícios, com o palco armado e e a platéia ansiosa, o que acontece?

A performance do artista dura meros 10 segundos. Nem isso.

Que ídolo do rock suportaria isso? Subir no palco, tocar três acordes e ter que terminar o show?
Que estrela de Hollywood aguentaria? Aparecer no cinema por 10 segundos?
Que ícone do futebol ficaria satisfeito? Ter a bola aos seus pés por reles instantes?

E não são apenas os 9 segundos e 58 centésimos.

Há que se esperar quatro anos para maravilhar o mundo. Os 100 metros rasos só dão ibope nas olimpíadas.

E não adianta viver de marketing, viver de vender produtos Adidas e aparecer em comerciais de televisão.

Todo artista precisa fazer o que sabe, e ser reconhecido por causa disso.

Apenas algumas arrancadas de Usain Bolt chamam a atenção do planeta. As outras, em eventos inferiores, passam despercebidas.

Enquanto isso, bandas de rock fazem turnê mundial, tocam dia após dia para ginásios lotados.
Jogadores de futebol jogam 60 jogos por temporada.
Astros do cinema ficam em cartaz por semanas, depois viram DVD e nunca param de rodar filmes.

Enquanto isso, uma mancha amarela passa correndo lá no fundo.

Usain Bolt faz gracinhas para a câmera.

Ele deseja, com todas as suas forças, gozar seu merecido reconhecimento.

Se pudesse, pararia o tempo, congelaria os aplausos no estádio abarrotado. Correria por toda a arena, demoraria-se olhando nos olhos impressionados de cada espectador.

Se pudesse, gritaria em desabafo até quando não aguentasse mais, devorando com força aqueles instantes de exaltação máxima.

Não economizaria sorriso, saltaria de júbilo ante a platéia encantada, boquiaberta, como uma multidão de estátuas.

Bolt só deixaria o tempo correr novamente quando estivesse absolutamente realizado.

Como não pode fazer nada disso, o homem mais rápido do mundo segue seu destino inexorável.

10 segundos.

10 segundos apenas.

E nada mais.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Altos, baixos, altos, baixos

Tristezas, aniversários, trabalho e agora, no fim-de-semana, viagem.

Uma semana atípica, intensa.

Desculpem pelo longo tempo sem atualizar o blog.

Sabe quando você vai vivendo e anotando várias idéias pra escrever depois mas nunca tem tempo?

Pois é.

Semana que vem, se tudo der certo, elas virão à tona.

Grande beijo a todos.