Sabia?
Nem eu.
Este pensamento me desabou hoje, imprevisível.
Minha conclusão surgiu enquanto lia uma manchete de jornal.
Dizia assim: "Tuiteiros não avisam mais, apenas, sobre a Lei Seca. Alertam sobre blitz de polícia, alagamentos e acidentes de trânsito".
Me ocorreu o seguinte:
Neste mundo de canalhas, calhordas, falsos e egoístas egocêntricos, quem garante que os tuiteiros falam, sempre, a verdade?
Quando postam, em 140 caracteres, "Não passe pelo Aterro do Flamengo: Lei Seca na área!" - quem é que garante que não estão de brincadeira com a cara dos demais?
Pois é.
Mas o uso corrente e a vida cotidiana mostram: não estão!
Quase a totalidade das informações que circulam na twitter-net sobre blitzes da Lei Seca são verídicas. São, de fato, um alerta verdadeiro e solidário (ainda que eticamente discutível).
Algum código velado permeia as relações no twitter. Por alguma razão, ninguém ousa quebrar as regras da troca de informações sobre as investidas policiais contra os bebuns do volante.
E isto se dá numa sociedade de cidadãos isolados, autocentrados, onde a confiança é um artigo raro.
Na falta de argumentos lógicos para explicar tamanha contradição, me lembrei das tribos antigas, nômades, que vagavam em bandos pelo planeta Terra.
Naquelas civilizações, sem escrita, falar a verdade era fundamental.
Mentir era suicidar-se.
Dizer a verdade era a única forma de passar adiante a própria história. A tradição oral era a relíquia mais preciosa.
Toda a sabedoria, todo o aprendizado de séculos eram transmitidos de forma verbal e vocal.
Mentir seria jogar fora toda a experiência dos antepassados. Muitos pagaram com a própria vida para aprender a evitar precipícios, enfrentar animais selvagens, curar doenças.
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A verdade era a garantia de que nada seria perdido.
A verdade era a autopreservação, o respeito à própria cultura e às origens. A verdade, já naquela época, era a pureza. Era o símbolo imaculado de uma realidade em que se podia confiar.
Por alguma razão, um instinto de sobrevivência resiste também entre os tuiteiros, unidos para desmantelar a rede anti-imprudência ao volante.
Por isso, disse antes.
As tribos primitivas, muito antes da nossa moderníssima civilização, já tuitavam.
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Tuitavam de verdade.