
Falar muito também não.
Este é um dos maiores engodos dos nossos tempos.
Arnaldo Jabor, por exemplo, diz que Lula finge que governa e comanda, mas, na verdade, se expressa por palavras vazias e conceitos vagos.
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A enxurrada de palavras camufla a falta de conteúdo. Com o cotidiano tão acelerado, o cidadão não pára para refletir sobre a falta de idéias.
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Aceita a verborragia e se dá por satisfeito.
Concordo com Jabor, mas não vou entrar na crítica do presidente agora.
A citação foi algo irresistível, de carona no assunto de "falar e não dizer nada".
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Escrevo este post, na verdade, para dividir com vocês o conteúdo de uma etiqueta da loja feminina Checklist, muito famosa aqui no Rio de Janeiro.
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O texto é a apresentação da nova coleção, batizada de "Beach Divas".
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Transcrevo tudo, sem tirar ou pôr uma vírgula (atenção para os termos em negrito):
"Beach Divas
Uma nova leitura do glamour característico de balneários sofisticados espalhados pelo mundo.
Com um pouco de tudo que há de mais hype, a garota bohemia-viajante mistura agora uma moda urbana-romântica com um navy estilizado, acrescenta alguns acessórios inspirados no Rock n' Roll e sai às ruas sem perder seu frescor carioca cheio de charme."
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Percebe o desespero para abraçar o mundo e não abrir mão de nada, como se acumular qualidades fosse sinônimo de atingir a perfeição suprema? (Como é ansioso e obcecado esse nosso capitalismo).
Percebe o uso de termos em inglês (hype, navy, Rock n' Roll) que, juntos, não querem dizer rigorosamente nada?
Percebe o uso de palavras compostas (bohemia-viajante, urbana-romântica) e como elas deveriam causar constrangimento a quem as escreveu? Parecem piada...
Acho que o objetivo da marca era vestir a mulher contemporânea ideal.
Com tantos atributos, me parece que o público-alvo é um bicho de sete cabeças.
O que vende, afinal, a Checklist?
Um comentário:
um texto "para lá" de criativo...
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