
A lanchonete chamava-se Pizza Mile.
Para quem não conhece, explico.
O esquema era assim: Você comprava uma mini-pizza mais ou menos do tamanho de um prato de sobremesa.
Era fininha, muito oleosa e vinha numa meia-lua de papelão.
Você segurava embaixo e ia degustando.
Pois bem, eu devia ter uns 14 ou 15 anos.
Fiquei na fila, cheguei ao caixa, pedi uma pizza de muzzarela com coca-cola grande, de máquina.
Em poucos minutos, tinha um copo de coca com gelo transbordando na mão direita, e uma pizza fervendo na canhota.
O próximo desafio era caminhar até a mesa, distante alguns passos dali.
Conforme fui caminhando, a armadilha!
A pizza, muito fina, dobrou-se sobre si mesma. Dessa forma, a parte do queijo fervendo encostou no meu punho. Tortura.
Com a outra mão ocupada e impedida de acudir o punho queimado, saí correndo para chegar mais rapidamente à mesa.
A cada passada, a agonia do queijo em brasa na pele. E a coca-cola escorrendo para dentro da minha manga, por debaixo do braço.
Chegar à mesa não representava mais um porto seguro.
Eu já estava com um braço borbulhando no óleo e o outro todo molhado e melado.
Apenas mais uma prova, das inúmeras no decorrer da minha vida, de como sou estabanado para os afazeres manuais mais simples.
6 comentários:
Pra não fugir do tema pizzaria, lembra da Dono's pizza? Que noite. E o Pijo: "ué, mas já não cancelou?".
Como pode um ás das artes, um virtuoso das cordas e das teclas se considerar estabanado?
Não pode.
É charme.
Meu sobrinho é um charmoso mesmo. Concordo com Afo.
Ele tem o poder das letras e da humildade ahahah
Sou, sim, estabanado.
Descoordenado para os afazeres mais triviais da vida cotidiana.
Beijos a todos!
Há muuuito tempo, havia um Mister Pizza no Carrefour da Barra. Eu adorava ir com meus pais fazer compras no fds, pq depois sempre parávamos lá pra comer. A pizza vinha em pedaços mínimos de papel e coberta de óleo. Gostos de infância.
A descrição da cena me lembrou os 13, 14 anos no colégio. A mania era pegar alguém desatento, de preferência com garotas ao lado, e abaixar as calças do coitado.
Eu e todos os outros da minha altura (né, André?) fazíamos parte do grupo dos coitados. Nos dias frios, a gente usava calça de moleton (da Malharia Mena, ahhahahaha) azul marinho e a camisa do uniforme.
O moleque saiu da cantina. Numa mão, o hambúrger do Martins(!) e na outra, a coca de máquina. Passou ao lado da quadra a caminho do banco. O pátio lotado. Veio um moleque por trás e...
Ele demorou a agir enquanto o pátio vinha abaixo de tanto rir. Ficou uns dois segundos segurando a coca e o hamubúrger, com a bermuda lá na canela.
Sei lá porque falei isso tudo...
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