sábado, 29 de novembro de 2008

Jeitão carioca

É muito interessante observar a mistura da tecnologia urbana com o jeitão carioca:

passando pelo Humaitá hoje de manhã, olhei aquela placa eletrônica gigante, que indica os pontos de tráfego intenso das proximidades.

ela dizia o seguinte: "4623485763464398393734647383623846473783946348364960"
Era evidente que tinha dado um problema no computador central da máquina.

Mas o placar luminoso continuava lá, exibindo essa sequência nonsense de números.

Penso: Se fosse nos Estados Unidos, Alemanha, ou qualquer um desses países onde há grande controle da ordem urbana, quanto tempo um outdoor eletrônico com dizeres malucos ficaria ligado, exposto à multidão?

É muito engraçado, você dirigindo de Botafogo para o Jardim Botânico, e um colosso de luzes com caracteres aleatórios fazendo parte da paisagem.

E o melhor... deve ter ficado lá assim a manhã inteira.

No fundo, gosto disso.
Não curto a falta de jogo-de-cintura do jeito de ser norte-americano ou germânico. Não gosto da fissura de ser certinho demais, organizadinho demais.

É como se fosse uma instalação de arte contemporânea em pleno caos da rua Humaitá.

"4873984738947938" não quer dizer nada. E daí?

Quando não descamba para o desrespeito ao próximo, o jeito relax do carioca é uma ótima válvula de escape para as neuroses do dia-a-dia.

2 comentários:

Afonso disse...

pra eu entender melhor: o interior do seu carro é uma expressão desse tal jeitão carioca?

Anônimo disse...

FODA! te amo, bjs