quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Recorte aqui e descarte

Eu tive um professor de filosofia que dizia o seguinte;

- O homem de hoje só sabe pensar a vida tecnologicamente. Ele sente as coisas de maneira tecnológica. Aprendeu que a ciência explica o mundo. Ele deixou de acreditar na fé para abraçar os cientistas. E por que? Porque funciona! Porque a ciência mostra provas do que diz! Como o homem enxerga, ele acredita.

Meio filosófico mesmo, nunca entendi 100%. Mas concordo com ele quando dizia que o homem se deixa levar demais pela ciência. Não que meu professor fosse contra isso.

Não era uma questão de CONTESTAÇÃO. Mas de CONSTATAÇÃO.

Foguetes, fornos microondas, telefones celulares. Vivemos para ver, com os próprios olhos, como a ciência promete e cumpre! Sendo assim, outras "estrelas guias" da humanidade, como a religião, ficaram, pouco a pouco, em segundo plano.

E por que digo isso tudo? Porque acho sim que o ser humano está acostumado a superestimar a ciência, os cientistas.

Confesso, achei que Einstein ganharia fácil a enquete.
A verdade é que quase todos nós, admiradores de Einstein, eu inclusive, não sabemos direito o porquê. Conseguimos entender os benefícios da equação E=MC2? Sabemos as aplicações das teorias dele nas nossas vidas? São raras as pessoas que sabem.

Os quadros de Van Gogh, nós gostamos por conta própria. Vemos e apreciamos.
O Shakespeare também é fácil digerir (Não pelo impenetrável inglês arcaico, mas pelas histórias envolventes).
O Freud tem influência direta nas nossas vidas. Todos usamos a frase "Ah, isso é psicológico!"
Mas e as teorias de Einstein? Vai tentar explicar e compreender como se converte matéria em energia!

Não tem problema, é muito complicado mesmo! Mas isso prova como supervalorizamos os super-cientistas mesmo sem conhecê-los a fundo. Os admiramos pelo que ouvimos falar ou pelo que lemos superficialmente. E logo damos a eles o troféu de super-heróis.

Mas peraí!

O Einstein não ganhou a enquete!! Teve 11 votos, ficou em segundo, mas não venceu!

Na minha opinião, vivemos tempos diferentes. Tempos "pós-ciência", onde as certezas científicas não têm tanta influência como, por exemplo, no início do século XX.

Vivemos guerras destruidoras. O homem se decepcionou com ele mesmo. A ciência, que nasceu da lógica do homem, não enfeitiça mais, não ilude mais tanto assim!

A ciência nasceu da razão do homem. Mas o homem, com frequência, perde a razão.
Preferimos, agora, algo que venha da emoção humana. Como Van Gogh!

Vincent Van Gogh, o gênio que morreu louco e pobre.
O gênio que comia os tubos de tinta óleo que usava para pintar, altamente tóxicos.
Gênio que cortou a própria orelha fora, não se sabe bem o porquê.
O gênio daltônico, diziam. O daltônico que explodia em cores, que se angustiava ao criar um novo tipo de beleza, que sofria.
Gênio. Genial não porque tentava, não porque estudava, não porque queria.
Gênio sem querer. Gênio, simplesmente, porque era.

Van Gogh, o campeão, com 1 votinho a mais. Só 1.

A prova de que, quando vier o Apocalipse e o ser humano tiver que responder a pergunta, "Afinal, quem somos nós?", ele vai olhar para o lado, ver todas as maravilhas que a ciência construiu, mas vai respirar fundo e responder.

-Nós, seres humanos, somos, acima de tudo, artistas!

3 comentários:

Anônimo disse...

É verdade!!!
Estava no réveillon em Maceió. Show na praia da Ponta Verde. Cheguei na última música: falava de jesus, nem lembro a letra. Não sei se isso é Gospel, é evangélico, é católico, sei lá. Não curto. Mas agora que li esse post, entendi! A religião nunca me mostrou provas, por isso, curto a belíssima canção "igreja", dos Titãs.
Por outro lado, a tecnologia, a mim, me encanta. Por exemplo: o PS3novinho escangalhou. Procurei o verdadeiro gênio, onde encontro resposta para todas as dúvidas do mundo, o google. Meti lá "PS3 não lê" e até arrisquei um "PS3 doesn´t read" (tem um amigo que tá numa fase muito americana débil-melóide, então estou sendo contaminado) e, além dos fóruns e blogs, encontrei um vídeo no you tube (lê-se tchubi) de um maníaco por eletrônica desmontando o PS3 passo a passo e trocando o leitor de blu-ray. Cara, é isso! A tecnologia, a ciência que explica tudo! Maravilhoso!!
Mas a arte é o que move o ceromano. Quando acabou o show gospel-católito-jesuíno-cheio-de-gente-feia, catei minha ceromina e voltei pro hotel. Ainda peguei os fogos da virada com a Ana Paula Araújo (artista, né, aparece na TV) e vi um filme qualquer no corujão de ano-novo (cheio de artista de primeira, tudo americano, tudo de roliúde).

Anônimo disse...

c'est la postmodernité!!!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.