segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A cirurgiÃ

Quando eu e MClara lemos a charada em inglês, não percebemos a nuance que estava na palavra "surgeon".

E, ao não notar esse detalhe, revelamos um preconceito cultural e passamos a nos questionar.

A solução do mistério é bem óbvia. (veja post abaixo)

Pai e filho sofrem um acidente. Ao chegarem no hospital, o cirurgião diz "meu filho!".

Claro. Cirurgião, em inglês, pode ser interpretado também como "cirurgiã"!

Não tem gênero.

A doutora era a mãe do menino.

Nós não pensamos nisso. E resolvi colocar a questão aqui no blog para ver se os leitores percebiam.

Remi, logo de cara, matou a charada.

Mas se o atento Remi não tivese sacado, quantos será que teriam solucionado o mistério?

Raios, me cobrei, por que em pleno século XXI não posso conceber o fato, logo de início, de que uma mulher é a cirurgiã do enigma?

Todo cirurgião tem que ser homem? Que machismo é esse?

Será a herança cultural?

Será resquício da sólida idéia universal de que se deve valorizar mais o homem do que a mulher?

((um bom exemplo? Basta escrever a palavra SURGEON ou PHYSICIAN no google imagens. Veja quantas fotos de homens aparecerá para cada moça))

As próprias palavras em português são exemplo disso.

Se há cinco meninas e um menino, o gênero da frase vai automaticamente para o masculino.

Os meninos.

Por que não as meninas? Pois são a maioria.

De vocábulo em vocábulo, de termos e expressões que superestimam o masculino, não sabemos ser livres.
.
Quando nos libertamos da jaula do português e encaramos uma frase em inglês, onde a palavra SURGEON não tem gênero, estamos condicionados a um pensamento machista.

O cirurgião. Por que não A cirurgiã?

Eis que a charada, apenas um joguinho de provocar a adivinhação, me revelou algo bem mais importante.

- Menino, tens ainda muito a evoluir!

Um comentário:

valmir disse...

E quando ligamos para marcar uma consulta de emergência? A Pergunta sempre é 'Tem médicO hoje?'. Nunca perguntamos péla médicA. Entendo que seja por uma questão genérica, de usar o masculino como forma de englobar os dois gêneros, convenção mundial... Ou um problema ocidental?