quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Estabanado

Uma das maiores armadilhas da minha vida aconteceu numa pizzaria fast-food.

A lanchonete chamava-se Pizza Mile.

Para quem não conhece, explico.

O esquema era assim: Você comprava uma mini-pizza mais ou menos do tamanho de um prato de sobremesa.

Era fininha, muito oleosa e vinha numa meia-lua de papelão.

Você segurava embaixo e ia degustando.

Pois bem, eu devia ter uns 14 ou 15 anos.

Fiquei na fila, cheguei ao caixa, pedi uma pizza de muzzarela com coca-cola grande, de máquina.

Em poucos minutos, tinha um copo de coca com gelo transbordando na mão direita, e uma pizza fervendo na canhota.

O próximo desafio era caminhar até a mesa, distante alguns passos dali.

Conforme fui caminhando, a armadilha!

A pizza, muito fina, dobrou-se sobre si mesma. Dessa forma, a parte do queijo fervendo encostou no meu punho. Tortura.

Com a outra mão ocupada e impedida de acudir o punho queimado, saí correndo para chegar mais rapidamente à mesa.

A cada passada, a agonia do queijo em brasa na pele. E a coca-cola escorrendo para dentro da minha manga, por debaixo do braço.

Chegar à mesa não representava mais um porto seguro.

Eu já estava com um braço borbulhando no óleo e o outro todo molhado e melado.

Apenas mais uma prova, das inúmeras no decorrer da minha vida, de como sou estabanado para os afazeres manuais mais simples.

6 comentários:

Cristiano disse...

Pra não fugir do tema pizzaria, lembra da Dono's pizza? Que noite. E o Pijo: "ué, mas já não cancelou?".

Afo disse...

Como pode um ás das artes, um virtuoso das cordas e das teclas se considerar estabanado?
Não pode.
É charme.

hbo disse...

Meu sobrinho é um charmoso mesmo. Concordo com Afo.
Ele tem o poder das letras e da humildade ahahah

Andre disse...

Sou, sim, estabanado.
Descoordenado para os afazeres mais triviais da vida cotidiana.

Beijos a todos!

valmir disse...

Há muuuito tempo, havia um Mister Pizza no Carrefour da Barra. Eu adorava ir com meus pais fazer compras no fds, pq depois sempre parávamos lá pra comer. A pizza vinha em pedaços mínimos de papel e coberta de óleo. Gostos de infância.

Marcos disse...

A descrição da cena me lembrou os 13, 14 anos no colégio. A mania era pegar alguém desatento, de preferência com garotas ao lado, e abaixar as calças do coitado.

Eu e todos os outros da minha altura (né, André?) fazíamos parte do grupo dos coitados. Nos dias frios, a gente usava calça de moleton (da Malharia Mena, ahhahahaha) azul marinho e a camisa do uniforme.

O moleque saiu da cantina. Numa mão, o hambúrger do Martins(!) e na outra, a coca de máquina. Passou ao lado da quadra a caminho do banco. O pátio lotado. Veio um moleque por trás e...

Ele demorou a agir enquanto o pátio vinha abaixo de tanto rir. Ficou uns dois segundos segurando a coca e o hamubúrger, com a bermuda lá na canela.

Sei lá porque falei isso tudo...