quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A desinvenção do carro

Enfrentar o trânsito das grandes cidades talvez seja a atividade mais chata que pode ser realizada sobre quatro rodas.

Acho que, em segundo lugar, vem procurar vaga para estacionar o carro.

É uma liturgia diária estressante, desgastante, irritante.

Ou não há vagas, ou há vagas em fila-dupla, ou há vagas com meio-carro em cima da calçada. Péssimo para o balanceamento e alinhamento do carro.

Ou, então, há vagas em lugar proibido, mas onde todo mundo pára.

Se você opta por estacionar, corre o risco de ser rebocado. Se resolve não parar ali, pensa que está sendo o único idiota que vai continuar procurando enquanto o próximo a chegar vai se deparar com "o maior vagão!"

Ou paga dezenas de reais para o pomposo "vallet parking".

Ou fica p... da vida quando achou aquele precioso espacinho, onde seu carro cabe com folga, mas vê surgir o flanelinha, cheio de gestos nas mãos e correndo, esbaforido, para te estorquir algum dinheiro.

Não tem jeito. Procurar vaga pra carro é o maior saco.

Toda vez que perco mais tempo para parar o carro do que com o trajeto propriamente dito me arrependo de não ter saído de bicicleta.

Talvez, num futuro próximo, cada rua tenha câmeras apontadas para as calçadas.

Cada motorista será capaz de, quando estiver chegando perto do destino final, acessar pelo celular o circuito de imagens. Assim, saberá se há ou não vagas disponíveis.

Que ironia.

Uma das maiores invenções do século XX foi o automóvel.

O homem, orgulhoso, projetou naquele objeto motorizado sua masculinidade, sua potência, sua virilidade. Ter carrão é sinônimo de conquistar as "Marias-Gasolinas" e tirar onda com os seress da mesma espécie.

Mas no século XXI, desinventar o carro seria uma das maiores façanhas da humanidade.

Para o bem da nossa paciência, do meio-ambiente e da harmonia social.

Nossa pressão arterial agradeceria. Nosso corações, pulmões e emoções também.

3 comentários:

AFO disse...

Hora boa pra postar!!! 13h23!
=
Considerando que você escolhe os piores caminhos, deve ser muito difícil ficar mais tempo procurando vaga do que no trajeto.
Não tenho carro.
É carão, pra ter e pra manter, é estressante e causa preocupação.
Vou de táxi mesmo, alugo um carrinho de vez em quando e até tem amigo que empresta, sabia?
E digo mais: prum bêbado desqualificado como eu, é muito melhor não ter carro mesmo.
O mundo perdeu um ótimo piloto, mas o sensacional navegador ainda está na ativa. Carona é comigo mesmo.
abs

valmir disse...

Cara, e estacionamento de shopping lotado em fds chuvoso? Irritante. Mas no feriado de segunda eu trabalhei normalmente... no centro da cidade. Fui parar o carro numa rua deserta, e o cobrador veio me dizer que eu tinha que adiantar o pagamento. 10 reais!!! E ele: 'É feriado, patrão, bandeira dois'. Nossas ruas viraram, há muito, disputas desse nível.

Marcos Serra Lima disse...

Motoristas de ônibus pensam estar em um GTA Rio de Janeiro. Pedestres
reclamam dos ciclistas e muitos ciclistas acham que a ciclovia é um velódromo.

A prefeitura se gaba de dizer que nossa cidade tem 49763232km de ciclovias "interligadas". Sempre recebo cartilhas estimulando as pessoas a deixarem o carro (comprado em 84 suaves prestações) em casa.

Mas de que adianta ter 28937293729km de ciclovias ""interligadas"" se no meu trabalho não tem nenhum chuveiro? No seu tem?

Se me permitir, queria mostra um link: http://blog.marcosserralima.com/2008/04/10/203/

Beijo!