segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bilhete premiado

Milhões de pessoas apostam.

Gente do Brasil inteiro tenta.

Acertar os 6 malditos números não é nada fácil.

Às vezes, passam-se sorteios e sorteios, bolinhas e bolinhas rodando no globo de metal e nada... ninguém é contemplado!

Pois, desta vez, o prêmio saiu para o Rio de Janeiro.

De todos os municípios possíveis no Brasil, os felizardos vivem aqui, na cidade onde moro.

Digo mais:

Neste exato momento em que escrevo, se me desse na telha sair de casa de chinelos e pijama e ir até a casa lotérica onde foi feita a aposta premiada, sabe o que eu teria que fazer?

Eu faria, simplesmente, o seguinte: caminharia até o elevador, apertaria o botão, desceria até o térreo, daria, talvez, uns 120 passos até a porta de um Shopping Center, subiria quatro andares de escada rolante e... pronto! Lá está a lojinha que representará, para sempre, o dia que mudou a vida de tantas pessoas.

(Está nos jornais: apesar de uma aposta única ter vencido a Mega Sena, tratava-se de um bolão com dezenas de funcionários da mesma empresa. Do diretor à faxineira. Quanta gente não vai aparecer pra trabalhar amanhã, hein?)

Voltando à minha saga particular: a casa lotérica que vendeu o bilhete premiado fica aqui do lado de casa! Do lado mesmo!!!

Fica no Shopping Rio Sul, onde vou todos os dias para jantar (sim, tenho preguiça de fazer comida em casa).

Durante 3 anos, por várias vezes, passei em frente à lojinha com total indiferença, sem levar fé que ali estava a mina de ouro para alguns sortudos... por que não eu?

A sensação é esquisita. A Mega Sena parece um sonho tão impossível e, de repente, o bilhete premiado surge na porta da minha casa! Fica um gosto azedo de traição: "Você, logo você, lojinha querida... tão conhecida, tão íntima! Me apronta uma dessas!!"
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E a incredulidade que existia antes da bolada milionária se renova, agora, com muito mais força: "A probabilidade de o prêmio sair de novo aqui na lotérica é remotíssima! Você perdeu a oportunidade de uma vida!", avisa minha consciência. Obrigado, muito obrigado por me lembrar disso!

Flutuando nas nuvens do que poderia ter sido, das hipóteses mirabolantes, da oportunidade única que apareceu debaixo de meu nariz e fugiu debochada, surge um lampejo de juízo sensato e caio de cara no chão!

Mas peraí!!!! Quem é que disse que eu teria ganho só porque a Lotérica é vizinha da minha casa????

É verdade! Caí na real!

Podia ser até pior. Imagina se eu tivesse jogado, descobrisse que o prêmio saiu aqui pertinho e tivesse a desilusão de encontrar a sorte beijando outro homem? Oh, terrível deslealdade!
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Eu ainda não tinha mencionado esse pequeno detalhe, não é? Eu nunca aposto na Mega Sena.

Não tenho esse hábito. Sem jogar, é bem mais difícil ganhar...
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Pensando bem, todas essas palavras, todo esse texto foi tempo perdido. Tempo seu, leitor, e meu também. Um grande resmungo sobre o nada! Um grande exercício de elocubrações sem propósito.

A história de um bilhete que jamais foi comprado, jamais foi preenchido, jamais me pertenceu, e que tirou a sorte grande a poucos metros do meu apartamento.

Fortuna. Sinônimo de dinheirão! Sinônimo, também, de sina!

Este é apenas um conto sobre a chacota do destino, cheio de cifrõe$, que resolveu fazer a curva aqui na minha esquina enquanto sorria, caçoando da minha cara.

Um comentário:

Cristiano disse...

Eu nunca tinha jogado na mega sena, mas comecei a jogar no início desse ano por influência da minha cunhada, sempre que o prêmio está acumulado. Apesar de acreditar que o destino jamais me permitirá levar o grande prêmio - já que, em relação ao nosso sofrido povo brasileiro, já tirei o grande prêmio da vida, com saúde e boa situação financeira -, ganhei a quadra há uns três meses, no valor de uns R$ 280. É uma sensação muito interessante. E me fez pensar no que será que passa pela cabeça de quem leva o grande prêmio...