segunda-feira, 22 de junho de 2009

Você tem cara de quê?

Tô traumatizado.

Eu chego na padaria e o cara do balcão me grita: "Fala aí, gaúcho!"

Detalhe: nunca fui ao Rio Grande do Sul.

No trabalho, me chamam de uns três nomes diferentes.

Um tem certeza de que eu me chamo Alexandre. Eu aponto o nariz no corredor e ele berra: "E aí, Alexandre. Beleza?"

(Não é a primeira vez na vida que me chamam de Alexandre. Eu até compreendo. Alexandre também começa com "A", e contém a palavra "Andre" no nome. Tem a ver)
Outro me chama de Léo. "Oi Léo, tudo bem?"

Léo? Por que Léo?

Mas o pior é o cara que jura que meu nome é Helton. E qual é a particularidade deste caso? O nome do próprio também é Helton!

As exclamações "E aí, xará?" se intercalam com os chamados de "Fala, Helton, tudo bom?".

O pior é que o cara nem hesita...

Sabe quando você não tem certeza de como uma pessoa se chama e você diz, baixinho e rápido de propósito, um suposto nome que faça a pessoa entender que você sabe perfeitamente o que está falando?

Pois é. Nem isso o Helton faz. Ele não tem dúvidas. Ele SABE que eu também sou Helton. Pronuncia com todas as letras, claramente: H-E-L-T-O-N.
Acho que nem minha carteira de identidade o faria mudar de idéia.

Qual deve ter sido o maldito dia em que ele concluiu que nós dois éramos xarás? Que mal-entendido pode ter levado a esse equívoco?

O pior é que não sei como reagir. Afinal, todas essas pessoas são efusivas na hora de falar comigo.

Não tenho o direito de ficar p... da vida. Mas também não posso ser 100% receptivo com o erro.

Em geral, minha postura é a de "peixe ensaboado". Abro um sorriso, dou um rápido aceno, mas não paro pra bater papo.

Às vezes, faço a tática do surdo. Se o cara me chama e não estou fazendo contato visual, eu o ignoro de propósito.

Talvez, repetir minha suposta alcunha algumas vezes sem obter resposta faça o cara se questionar, com uma das sombrancelhas arqueadas e mãozinha embaixo do queixo: "Peraí... será que ele não se chama...?"
.
Outras vezes, adoto a tática do xerife no Velho Oeste. Saco primeiro e saio atirando! No simples cruzar de olhares, o cara ainda está abrindo a boca pra proferir meu falso nome em vão e já saio gritando, atropelando mesmo: "Fala, cara, tudo bem? E aí? Beleza? Que bom! Tranquilão então né? Valeu, fui!!!"

Já metralhei o sujeito sem dar tempo de ficar constrangido.

A última saída que encontrei para essa saia-justa é executar um plano em conjunto. Mas este exige coordenação, ensaio e parceria.

Faço o seguinte: comento com um amigo sobre o problema em curso. Espero a chegada do errante, como numa armadilha, e peço ao meu camarada para que grite meu nome, em alto e bom som: - André!!!

Assim, rezo para que o fulano equivocado preste atenção e desconfie, por um instante, que eu não me chamo Léo, nem Alexandre, tampouco Helton, e que, pelamordedeus, não sou Gaúcho!!!

Confesso, senhores. É uma aflição diária.
É a cruzada do homem que guarda um segredo horrível, capaz de fazer ruir a convicção mais concreta dos colegas, e causar decepção, embaraço, desilusão.

Deixa quieto. Eles ainda não estão preparados para a verdade.

9 comentários:

Rach disse...

todo mundo que não sabe meu nome jura por deus que chamo carol.
- oi, como vc acha que me chamo?
- carol, óbvio.

nunca falha, dé. pq, hein?

MClara disse...

heheheh...parece aquele capítulo de Friends, do Chandler...

Eu nao me importo NEM UM POUCO de corrigir as pessoas...nem Ana Clara eu aceito, e olha que Ana Clara é direto....

Tem gente que se acha super minha amiga e me chama de ANINHA...hahaha mesmo do jeito carinhoso eu nao tenho pena de corrigir..

é MARIA CLARA e ponto final...

bjssss

Ah, pode ser MClara também, vai...
heheh

André B. disse...

Ehehehe...Quando te chamam de Aninha é "bem legal bem legal!', hehehe!!!

E quando chamam só de Maria? Voce curte?

Rachel... acho que esse negócio de Carol é porque vivemos uma geração de muitas "Caróis". Pensa só: Quantas você conhece?

Acho que é um nome, sem ofensa a Carol alguma, que fica bem em qualquer rosto feminino.

mmy disse...

mas eu queria saber se o Helton- com quem, pelo jeito, vc encontra todo dia- lê este blog...

Cristiano disse...

Me lembro de planos em conjunto deste naipe que executávamos na época da escola...

Raquel Giranda disse...

Algumas pessoas sempre me chamam de Renata.

Tem uma que já desisti de corrigir - é Raquel - e atendo normalmente como se me chamasse realmente Renata e fica tudo certo.

joseluis disse...

adorei o post, joão

André B. disse...

Boa, Zé! Hehehe... pegaste bem o espírito da coisa!

Mãe, fica tranquila... O Helton nem sabe que eu tenho blog... mas quem quiser passar pra ele o endereço, não faço ressalvas.

Raquel, baixar a cabeça para o vocativo errado é, sem dúvida, uma das saídas...

Cristiano, nossos planos em conjunto eram os mais boçais possíveis... Mas era bem divertido!

Remi disse...

Nossa, eu não me incomodo nem um pouco com pessoas me chamando de outras coisas. Aliás, eu até minto meu nome às vezes pra algumas pessoas aleatórias!