sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Abraçando o desencanto

G/ D/ EM/ A

Bm/ Cm#

Para quem sabe tocar algum instrumento musical, as letras e barras acima querem dizer muito.

E não precisa ser um especialista não. Basta saber arranhar um pouquinho de violão ou piano.

Letras como aquelas são a chave da fechadura.

Uma vez aberta, a canção ganha outro significado.

Traz satisfação e prazer. Mas desvendar o segredo é, também, abraçar o desencanto.
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Gê, dê, E-ême, A.

Bê-ême, Cê-ême jogo da velha.

Nada mais são do que os acordes de uma melodia.

Em outras palavras, Sol, Ré, Mi menor, Lá. Si menor e Dó menor sustenido.

Aprender a tocar uma música provoca uma sensação engraçada.

Em geral, quando desperta-se o interesse de se conhecer os acordes de uma melodia, é porque a canção encanta, fascina.

Amar uma música é como se apaixonar. O ritmo e o fraseado musical não têm defeitos. É possível, através dos ouvidos e do coração aberto, tocar a inspiração do compositor com os dedos.

O contato é imediato e verdadeiro.

Curtir uma música é ter vontade de cantá-la a plenos pulmões.

É duvidar, por um instante, da capacidade do autor de tê-la escrito.

- Como é possível esse fdp ter criado isso?

É suspirar quando ela começa, vibrar enquanto ela soa e expirar de satisfação quando toca o último acorde. Ouvir a música favorita (nem que seja a favorita do momento) é se realizar.

Beber a canção é revigorante. Esquece-se dos males por breves minutos. Os alto-falantes a todo volume silenciam os problemas do mundo.

Seduzido pela melodia, o aprendiz de música decide: vou aprender a tocá-la.

Pouco a pouco, começa a dedilhá-la nas cordas do violão, decorar as notas musicais.

Pouco a pouco, mergulha-se no território que ainda não tinha sido conquistado.

Mas estes instantes do aprendizado são os exatos momentos em que o encanto vai indo embora.

Claro, a canção ainda é maravilhosa. Claro, o autor ainda é objeto de veneração.

Mas dominá-la faz parte do feitiço ir embora.

Em vez do êxtase, o costume.

Um acorde a mais, mais um pouco de desilusão

Em vez da magia de antes, fazer a melodia soar de seus dedos a faz parecer terrivelmente mundana.

Quando se desvendam seus acordes, surge a certeza: não é de outro planeta. É humana.

Pronto. Abraçou-se o desencanto

Quando a música toca de novo, não é mais a mesma.

É linda, mas não tem aura divina.

Portanto, a busca por letras como G/ D/ C/ A deve-ser feita com muita convicção.

Começar a decifrar essas estrofes é um caminho sem volta.

http://www.youtube.com/watch?v=k-YIizsMrSE

4 comentários:

Remi disse...

Sabe, eu entendo que isso aconteça com as pessoas, mas acho que não acontece comigo!
Desde que eu tenho uns 10 anos eu ouvia minha irmã tocando "Pour Élise", no piano, sempre me comoveu muito. Eu aprendi a tocar, e todas as vezes que eu toco, ao chegar no final, invariavelmente eu estou quase chorando, apesar de ser eu mesmo quem está tocando.
Talvez tenha seja eu, talvez seja "Pour Élise", mas eu espero que seja eu, porque assim poderei aprender a tocar a "Sonata ao luar", e continuar chorando todas as vezes que a ouvir. ='D

valmir disse...

Como eu queria saber tocar violão. No carnaval passado tentei concorrer a uma disputa de sambas num bloco de rua, mas acabou que a falta de um cavaquinho fez toda a diferença. Pra mim, letras como G/ D/ C/ A são apenas isso, letras. Mas quando unidas num acorde, não há analfabeto musical que não se encante, né mesmo!

André B. disse...

Remi,

você tem sorte! Aproveita a música sem arrancar as pétalas. Aproveite!

Valmir,

cara, eu te aconselho: Vale muito a pena aprender a tocar. Não precisa virar um virtuoso do instrumento não. Basta arranhar alguns acordes que a satisfação é exponencialmente maior do que o sacrifício de aprender.

Eu diria que, com 4 aulas, você já consegue tocar algumas canções fáceis.

Com 6 meses de aula, já está desvendando músicas que você nunca imaginaria.

É só preparar as pontas dos dedos para sentir um pouquinho de dor. Depois que cria calo, vai tranquilo.

Abração

valmir disse...

Valeu, André.
Tá na minha lista de próximas resoluções. rs