terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Respeito à música


Ficar preso no trânsito é chato pra burro.

Mas, às vezes, é o momento ideal para ajustar as contas com as prioridades esquecidas.

Muita gente que gosta de ouvir música perdeu o hábito de escutá-la em casa.

Segundo pesquisas de tecnologia, há 30 anos, o homem tinha cerca de 20 opções de lazer.

Hoje, Existem quase 100 atividades diferentes para se fazer no tempo livre (entre elas, videogame, internet, dvd, jogos online, chat...)

Ouvir música em casa, com a atenção e devoção que o ato merece, ficou misturado num baú com outras quinquilharias. Daquelas que só se encontra de vez em quando. Aí você lembra: "AH, é mesmo! Como eu gostava (gosto?) de fazer isso!"

Isso nos traz de volta ao carro parado, ensardinhado, preso entre tantos outros. Tarde chuvosa, fumaça saindo dos escapamentos. Acelera e pára, acelera um pouco e pára.

Que boa oportunidade para se escutar aquele CD maneiro quase de cabo a rabo.

Trânsito. Um grande prazer.
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Quando éramos pequenos, minha mãe parava o carro na garagem de casa.

Chegamos!

Rádio ligado, a música ainda estava na metade.

Desligar abruptamente seria um desrespeito à canção.

Em vez disso, minha mãe, sempre sensível às artes, ia abaixando o volume.

Como uma música que se acaba, lentamente, o som ia se esvaindo, até o silêncio total.

2 comentários:

Fernando Burgés disse...

Caraca cara, essa arte de ir dando fade out na musica sempre foi um hábito pra mim, visto que o corte abrupto da cançào é de uma desarmonia sonora descomunal.
Como um arrancar agressivo de band-aid sobre a ferida!

Tia marina rules!

Anônimo disse...

Que mãe linda!!!!